Margaret Atwood com "The Testaments" e Bernardine Evaristo com "Girl, Woman, Other" são as vencedoras da edição de 2019 do Booker Prize. Duas vencedoras, que assim terão de dividir entre elas o prémio de £50,000. Algo que, no entanto, não é inédito, pois já em 1974 e 1992 tal tinha acontecido com os pares Nadine Gordimer/Stanley Middleton e Michael Ondaatje/Barry Unsworth, respectivamente. Ainda assim, o facto de terem sido duas as premiadas aguça ainda mais o apetite pelo que devem ser duas obras de uma qualidade bem acima da média.
Quanto a Atwood, é a segunda vez que ganha este Prémio, desta feita com a sequela do badalado "The Handmaid’s Tale". A primeira ocorreu em 2000, com "The Blind Assassin".
Bernardine Evaristo é a primeira mulher negra a receber o Booker e vence-o com o seu oitavo livro de ficção "Girl, Woman, Other".
Aguardemos a publicação de ambas as obras por cá e, até lá, boas leituras.
O The Guardian fez saber quais são, na sua opinião, os 100 melhores livros do século XXI. De romances de estreia deslumbrantes, a polémicas abrasadoras, passando por história da humanidade e memórias pioneiras, de tudo um pouco aqui está reunido nesta selecção dos melhores dos melhores. A reter, para nos proporcionar mais uns bons momentos de leitura.
Não há fome que não dê em fartura, diz o ditado. E é mesmo isso. O que aqui há uns anos era raridade por cá, hoje é um mar a perder de vista. Refiro-me à edição de livros fantásticos e de horror que, graças a editoras como a Saída de Emergência, hoje chegam até nós em quantidade e qualidade para nos proporcionar muitos e, quase sempre, bons momentos de leitura. É o caso deste Fome, editado em Junho deste ano, que nos oferece um relato tenso e fascinante sobre a trágica expedição no Oeste americano que levou a um dos maiores desastres da história da América. Numa narrativa sempre em crescendo, cativa do início ao fim, mostrando as dificuldades de uma época em que muitos se aventurarm pelo desconhecido, quantas vezes nunca dele regressando. Recomendo vivamente.
ou visitem a vossa livraria habitual, onde, aí sim, o cheiro dos livros, o tactear do papel, o folhear da cada obra, o olhar guloso sobre as capas incríveis, tudo se torna bem mais real, palpável, apetecível. Vamos a isso? E boas leituras.
O romance de Deborah Levy, «Nadar para Casa» (D. Quixote), finalista do Man Booker Prize 2012, é elíptico e perturbador. Como uma peça de teatro, com palco e actores, cresce dividido em pequenos capítulos. Quando todas as peças encaixam, obtém-se um todo: estranho e desconfortável, mas singular.
O poema de Kitty Finch, que dá nome ao livro, revela-se a peça-chave para o ponto final de uma narrativa que carrega a mensagem de que «é preciso sonhar para lá da vida e voltar a entrar, porque a vida tem sempre de nos atrair de volta». Acutilante a escrita de Deborah Levy. Brilhante.