Trazem com eles o peso de acontecimentos recentes, ainda quentes.
Memórias com dias de vida, sonhos que ganharam vida, a própria vida que se ganhou nos dias recentes.
Urgentes, pois que o ciclo assim o exige.
Surgem perversos na sua calma.
Destoam dos que deixam para trás, felizes, onde tudo foi possível.
Vestem novos tons e neles encontro um desdém involuntário, um sarcasmo que não é maldoso, mas que é presente.
O Verão morreu.
Segue-se o Outono.
É assim, sempre foi e será.
A sequência repete-se, a tristeza que nos amolece.
Olhamos e recordamos já saudosos, ausentes em parte certa, a que repousa logo ali, num passado à distância de um sorriso que se desfaz, naturalmente. Os dias mirram, os dias escurecem, a alma canta, desafinada.
Olha-se o céu num desespero angustiante, acompanha-se o percurso sinuoso daquela gaivota, na sua pose esvoaçante, sem compromissos, senão com o ar que cruza, errante.
Tudo se arrasta, se alonga, o tempo encurtado parece doente.
Ou será a nossa mente?
Que agora sente o deserto que tem pela frente?
São dias de Outono, ao mês nono.
Oferendas de um tempo renascido, um punhado de horas nunca repetido.
Neles se esconde vida, neles encontro a minha e quando os recordar, após a sua partida, será com a mesma saudade de todos os outros.
De cada um que ficou, que foi presente e por instantes em si me reteve.
Contemplo estes, dias de Outono, da mesma forma que contemplo todos, dias após os dias.
Porque a vida são todos e cada um.
A soma de quantos merecemos.