Quanto vale a tua escrita? Que peso efectivo pode ela ter
ou deixar de ter numa sociedade em que mesmo os mais básicos
valores se deterioram a um ritmo alucinante, em que a
prioridade é cada vez mais focada em bens de primeira necessidade,
em que o espectro da pobreza, da mendicidade, há
muito assombra cada um, sem olhar a credo ou a raça? Qual o
valor real de uma palavra vinda de ti, de uma frase que aches
brilhante, a todos os níveis intocável? Será que sem aquilo que
dizes e que escreves o mundo pode continuar a avançar? Será
assim tão determinante para o correr dos dias aquilo que tens
para dizer, tudo quanto passas para o papel, sejam ideias, rascunhos,
diálogos? Quem estipula o teu valor? Seja comercial,
seja meramente artístico? E mesmo esse, quem é ele? Que tem
de extraordinário ou por que possui ele essa procuração que
lhe permite avaliar o valor deste ou daquele conteúdo, deste
ou daquele pedaço de escrita? Nessa subjectividade que é analisar,
avaliar, conferir maior ou menor nota a um punhado
de folhas tingidas pelo negro das ideias que nelas se materializaram
e agora se preparam para fazer pela vida ou morrer a
tentar. Um livro será sempre um livro. As letras são as mesmas
para todos, apenas o seu encadeado varia de autor para autor,
de acordo com o enredo, a ideia, o ritmo, o estilo. É essa a
magia da escrita: encantar e surpreender com algo que está ao
alcance de todos. Terá a tua escrita o quanto lhe baste nessa
matéria? Que a teus olhos tem isso e muito mais. Mas não
quererás tu ir mais longe e um dia vires a ingressar nesse restrito
círculo dos que são amados e admirados pelo que escrevem
e o modo como o escrevem?
Quem pretender adquirir um exemplar, ou mais, deste meu mais recente mergulho na escrita literária, por favor proceda ao pedido nos comentário. Obrigado e Boas-Festas.
Após vencer o #ManBooker2018 com a obra "Milkman" (@FaberBooks) Anna Burns vence também, e com a mesmíssima obra, o @TheOrwellPrize for Political Fiction. Um 2 em 1 que só espelha a qualidade do que aqui parece estar em jogo. Que seja rapidamente traduzido e editado por cá, para também nós nos podermos deliciar com esta pérola.
O livro do escritor angolano José Eduardo Agualusa, “Teoria Geral do Esquecimento”, editado pela Dom Quixote em Portugal em 2012 e que já havia sido, em 2016, finalista do Man Booker International Prize, foi agora distinguido com o prémio literário internacional de Dublin, pela tradução inglesa desta sua obra. Esta conta a história de uma mulher que fica presa na sua casa em Luanda no período de transição entre o colonialismo e a independência e que procura sobreviver “ao medo do outro, ao absurdo do racismo e da xenofobia”. Mais uma boa razão para o ler, ou reler. Parabéns a ele e, uma vez mais, à literatura de língua portuguesa.
É o que tudo indica, a ver pelo que nos diz este artigo do Público: https://www.publico.pt/2017/01/05/culturaipsilon/noticia/as-apostas-de-2017-nos-livros-1756953
Paul Auster é um dos visados, mas destaque também para a editora Elsinore que nos vai trazer a obra vencedora do Man Booker Prize e do National Book Critics Circle Award, The Sellout, de Paul Beatty.
Muitas e boas perspectivas literárias nos aguardam neste ano de 2017. Assim se confirmem, é o que nós, leitores, esperamos.
O Man Booker International Prize de 2016 foi para a obra “The Vegetarian”, de Han Kang, romance que equilibra uma agradável e precisa prosa com uma violência corporal e simbólica. Merecida vencedora deste prémio literário, segundo se pode ler aqui
“The Vegetarian” é um romance que aborda o consumo e a violência humana, espelhado no limite a que alguém chega no sentido de querer deixar de pertencer a essa mesma raça humana em virtude das atrocidades que a mesma comete.
... “The Vegetarian”, de Han Kang, professora de escrita criativa no Instituto de Artes de Seul e escritora já premiada várias vezes na Coreia do Sul.
Originalmente escrito em coreano, “The Vegetarian” foi posteriormente traduzido por Deborah Smith para inglês e publicado pela Portobello Books. Autora e tradutora vão assim dividir um prémio no valor de mais de 60 mil euros.
A edição portuguesa, que terá a chancela da D. Quixote, está prevista para Outubro, com tradução de Maria do Carmo Figueira feita a partir da versão inglesa.
2016 Foi um ano de mudanças para o Man Booker International Prize. Além de passar a ser atribuído anualmente, pela primeira vez a seleção do vencedor tem por base apenas uma obra. Anteriormente, distinguia a carreira de um autor desde que este tivesse livros publicados em inglês.
Toda a notícia aqui: http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-05-16-Han-Kang-e-a-vencedora-do-Man-Booker-International-Prize
Neste mesmo dia, mas no ano de 1925, nascia na Georgia este nome maior da literatura norte-americana do século passado, Flannery O'Connor. Ouçam aqui http://www.theparisreview.org/blog/2012/06/04/flannery-oconnor-reads-1959/ a sua leitura da, igualmente sua, obra “A Good Man Is Hard to Find.”, em português "Um bom homem é difícil de encontrar", aqui na edição da Cavalo de Ferro.