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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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onde fui

por migalhas, em 25.07.23

Se tudo se fundisse num só

Se céu e terra confluíssem num único ponto, nem perto nem distante

Se a luz tremeluzente desta vela que me alumia fosse foco de inspiração

Ou se o mar que morre na praia fosse seu reflexo  

Que uma caixa não é apenas uma caixa

Pois que ela é liberdade, quando se abre e expande vontade

Qual manto ao vento

Qual desejo ou intento

Qual majestosa força que num sopro se ergue e num respirar se esvai

Que eu aqui nada sou

Se bem que vejo ser

Tudo num instante fugaz

Num bater de asas que revolve o mundo

Aquele onde fui

Um dia há muito tempo atrás

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

pó vagabundo

por migalhas, em 18.07.23

o pó assenta, sempre o faz

desde que instigado, no seu voo alado

deter-se, ficar-se, é incapaz

bicho irrequieto que vive em todo o lado

 

só nós teimamos em ocultá-lo

invisível torná-lo

removendo-o, varrendo-o, daqui ou doutro lugar

na certeza de que, adiante, acaba por pousar

 

daqui, dali, de lado algum ele sai

teimoso, impassível, a lado algum ele vai

omnipresente, ser intransigente

cabeça de cartaz, coisa resistente

 

apenas na nossa cabeça o eliminamos

na supérflua tarefa que nos faz gente

nós, tolos humanos

dois passos atrás, meio para a frente

 

o mesmo pó a que seremos lançados

por ele tragados no seu contentamento

aos leões esfomeados, pobres de nós

que nada nos sobra em testamento

 

é pó, é terra, é o fim do caminho

é arena despida do que é humano

que este morrer é sempre sozinho

é meu, é teu, é destino profano    

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Há de haver

por migalhas, em 14.07.23

à imagem deste que julgo ser

à beira de um imaginário precipício

há tudo quanto se me escapa

daqui até onde a minha mão alcança

 

há o que não pressinto, nem vejo

neste meu infinito desejo

há o que calo e não digo

como quem silencia um inimigo

 

no universo há tudo isto

mais aquilo que não entendo

amálgama de que sou feito

para lá deste espaço e tempo em que existo

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

ao longe

por migalhas, em 20.06.23

ruínas habitam-me o peito

destroços esquecidos do que um dia foi pedra de toque a cada nova aurora

hoje pedra fria que apenas chora

 

naufraguei, a certa altura da vida

não sei quando, nem porquê

apenas que não saro esta ferida

que profunda se sente, pior se vê

 

ao longe olho o mar e invejo o seu respirar

mais longe ainda procuro um ponto onde me ausentar

não que sossegue ou apazigue este sofrer em mim encarnado

mas deixa entreaberta a porta que me há-de ser a fuga

quem sabe a cura

para esta loucura

que se contorce, geme e queixa

e a reboque da sua dor leva a minha

e sem consolo a deixa

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Citando-me_parte8

por migalhas, em 12.06.23

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eu perdido e a criança

por migalhas, em 01.06.23

É a civilização quem ordena erguer cidades, exige derrubar árvores.

É ela quem estende viscosos tentáculos até onde o vento se sente escassear.

Espreito esta nesga de tempo enquanto posso

e nela refugio o olhar cansado que ainda consigo.

Aqui estou perdido.

Eu e a mente por onde ecoam as vozes, tantas quantas as perdidas, como eu

distante que nem os passos todos que pudesse ainda dar

este tempo fez-se tempo passado

filho bastardo de um rumo há muito também perdido

que da vida já nem sinal.

“Mas não faz mal, pois não?”

Na inocência de quem é criança e nunca deveria deixar de o ser.

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2011)

 

Citando-me_parte6

por migalhas, em 30.05.23

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mundo imundo

por migalhas, em 26.05.23

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Dia Mundial da Poesia/Árvore

por migalhas, em 21.03.18

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Na data de hoje comemora-se não só o Dia Mundial da Poesia mas, mais importante ainda, o Dia Mundial da Árvore. E digo mais importante, pois a crescente escassez de árvores é uma realidade cada vez mais presente. Fruto dessa desflorestação irracional, desse processo completo e permanente de destruição massiva, de abate intensivo e constante de árvores de floresta, de bosque, o que seja que provoca destruição de ecossistemas, alterações climáticas, perda de património genético, esta é uma realidade, na sua maior parte, da autoria do pior inimigo deste planeta, o próprio homem. O mesmo que não poderá sobreviver sem elas, pois convém lembrar que são essas mesmas árvores que diariamente desaparecem a um ritmo assustador, os pulmões deste nosso rochedo em que habitamos. E se de ar precisamos como de pão para a boca, já a poesia não é assim tão fundamental, pois dela não depende a nossa existência. Talvez uma outra, a cultural, e aí sim, ela reveste-se de toda uma dimensão que ninguém ousa discutir. Mas para que a possamos continuar a apreciar, convém que consigamos continuar a respirar. E crendo que sim, que ainda nos restarão uns anos de oxigénio, então durante esses que celebremos a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação, aquilo que é, afinal, a poesia. Que atentemos na importância da reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa e do modo como cada qual contribui para a diversidade criativa através da sua perceção e compreensão do mundo. Sejamos poetas, sim, mas antes disso amantes cuidadosos deste nosso planeta, pois só assim poderemos continuar a usufruir, desfrutar, amar, desta forma inigualável da nossa linguagem.