por migalhas, em 25.04.24
Nela ouso pensar
de sorriso no rosto de quem sabe que quer
ou se permite poder.
Com ela me quero deitar
nela me quero depositar
por entre juras e promessas
de dias ao sol, noites ao luar.
Parida de um cravo foi, espinho de rosa é.
Fez a cama, onde me deitei
deu-me a mão, que aceitei
enfeitiçou-me, e eu deixei.
Iludido, apaixonado
fez-me sonhar acordado,
quando o tempo todo assim vivi
apenas e só, enganado.
Não lhe vi a outra face
o âmago que é o seu
erro meu, meu enterro
que nela quis acreditar
Liberdade, Liberdade
que já nada tens para me dar
© Copyright Miguel Santos Teixeira
por migalhas, em 24.04.24
De quem vieram as ordens para avançar com a revolução?
Pouco se sabe.
Mas pressões de um insatisfeito grupo de militares, podem ter despoletado o processo.
Queriam a mudança, o corte com a ditadura, mas sem derramamento de sangue.
Para mostrarem ao mundo que era possível cortar sem fazer feridas.
O pai, militar orgulhoso de ter integrado a bem-sucedida operação, mostrou ao filho a metralhadora.
A G3, com o cravo cravado no cano a travar a saída de uma munição que fosse.
O filho, sem perceber o que se passava, mas visivelmente contagiado pelo entusiasmo do pai, pegou no cravo e cheirou-o.
O pai baixou a guarda e agora o cravo já nada podia deter.
Nem mesmo a bala, que, fatalmente, o atingiu pelas costas.
Lá fora, a celebração subia de tom.
Já no chão desta casa, um outro tom, este vermelho sangue, desabrochava.
Inocente, a criança olhou o pai inerte, o soldado tombado.
Era dia de festa.
© Copyright Miguel Santos Teixeira