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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Uma original narrativa de ficção, agora ao vosso dispor.

por migalhas, em 09.11.24

E por vezes a noite_img_geral.jpeg

Ele aí está!

Disponível nas principais plataformas de comércio de livros, onde se inclui a Fnac, Bertrand, Wook e o site da própria editora, a Cordel de Prata.

Em qualquer uma delas podem adquiri-lo e lê-lo, pois gostaria imenso de ter reacções a mais este meu tomo pela literatura, neste caso em forma de narrativa de ficção.

Conto com quem me segue por aqui e agradeço igualmente a divulgação, pois quando somos "desconhecidos" do grande consumidor tudo o que possa auxiliar a contrariar essa situação é sempre bem-vindo.

Obrigado a todos(as) e espero sinceramente que gostem deste meu "E por vezes a noite".

Aguardo as vossas críticas.

Devolutos

por migalhas, em 29.05.24

Devolutos

estes meus sentimentos

janelas cerradas, já sem nada

nem portadas

o mundo por um fio

a luz, essa matriarca

agora finada

já sem nada

devoluta também

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

A que sabe a noite

por migalhas, em 24.05.24

Essa noite eu já vivi.

Essa noite eu já conheci.

Essa noite foi a primeira noite com que me deparei depois de ti.

Perdido e sem rumo, nela entrei e nela me perdi, a pensar apenas e só em ti. Por isso essa noite sabe a ti, sabe de ti e não me deixa mentir quando digo que chorei ao te ver partir.

Depois dessa, muitas outras noites eu já vivi, perdido e sem rumo, desolado por não mais te ter a meu lado, de coração destroçado, alma escura como este breu que depois se fez em dia também, desde então.

Como um denso nevoeiro, a minha visão tolda-se sem nada a que se agarrar e por isso aguardo o teu regresso para então esta escuridão se dissipar e de novo à luz do dia poder voltar.

Sem receios de que de novo possa amar e nesse imenso mar de tantas ilusões, sentimentos e outras sensações, me seja outra vez permitido sonhar, com noites de luar e dias, enfim, brilhantes, nos quais dois amantes se banhem de luz sem que isso seja a sua cruz, mas antes a sua sorte em vida, a de alguém que encontra o seu par e nele se acolhe e conforta, nele encontra guarida.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

E é tudo

por migalhas, em 21.05.24

Há vezes, e não poucas

em que a voz se solta

a galope num trote voraz

irada, porém incapaz

pois que nenhum som, nada.

E é tudo.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

amanhece

por migalhas, em 17.05.24

anoitece, amanhece

e de premeio o mar

onde tudo acontece

qual espelho que tudo reflete

uma imagem, uma prece

na medonha força que cresce

e das bravas vagas emerge

e embrutece

até que saciada esmorece

ao som das ninfas

do cântico que adormece

e prepara a hora, que anoitece

para novo dia, que amanhece

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

roncos, grunhidos

por migalhas, em 15.05.24

roncos, grunhidos

uivos sumidos

na terra, no céu

são sons distorcidos

em pele de lobo

ou só com um véu

são seres desconhecidos

que não se quedam por ninguém

são roncos, são grunhidos

são a voz do desdém

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

o que é e o que devia ser

por migalhas, em 13.05.24

É assim, mas não devia.

Fazes assim, mas não devias.

Sabes o como e o porquê

e ainda assim não é isso o que se vê.

 

Ages à revelia do teu ser

és o oposto do que pensas e sabes

que tu assim não és são

nem te julgues a salvo.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

Liberdade

por migalhas, em 25.04.24

Nela ouso pensar

de sorriso no rosto de quem sabe que quer

ou se permite poder.

 

Com ela me quero deitar

nela me quero depositar

por entre juras e promessas

de dias ao sol, noites ao luar.

 

Parida de um cravo foi, espinho de rosa é.

 

Fez a cama, onde me deitei

deu-me a mão, que aceitei

enfeitiçou-me, e eu deixei.

 

Iludido, apaixonado

fez-me sonhar acordado,

quando o tempo todo assim vivi

apenas e só, enganado.

 

Não lhe vi a outra face

o âmago que é o seu

erro meu, meu enterro

que nela quis acreditar

 

Liberdade, Liberdade

que já nada tens para me dar

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

A revolução

por migalhas, em 24.04.24

De quem vieram as ordens para avançar com a revolução?

Pouco se sabe.

Mas pressões de um insatisfeito grupo de militares, podem ter despoletado o processo.

Queriam a mudança, o corte com a ditadura, mas sem derramamento de sangue.

Para mostrarem ao mundo que era possível cortar sem fazer feridas.

O pai, militar orgulhoso de ter integrado a bem-sucedida operação, mostrou ao filho a metralhadora.

A G3, com o cravo cravado no cano a travar a saída de uma munição que fosse.

O filho, sem perceber o que se passava, mas visivelmente contagiado pelo entusiasmo do pai, pegou no cravo e cheirou-o.

O pai baixou a guarda e agora o cravo já nada podia deter.

Nem mesmo a bala, que, fatalmente, o atingiu pelas costas.

Lá fora, a celebração subia de tom.

Já no chão desta casa, um outro tom, este vermelho sangue, desabrochava.

Inocente, a criança olhou o pai inerte, o soldado tombado.

Era dia de festa.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

Dia Mundial da Poesia

por migalhas, em 21.03.24

alma de poeta

 

a poesia

na boca do poeta

do ser sofrido ou de coração partido

todo ele por arames

preso às palavras, à sua fúria e encanto

no espanto, na dor, num estado predestinado

uma voz que se convoca

que quando fala, choca

que é gume de faca, de espada

afiada lâmina que ama o sangue e deseja vê-lo jorrar

para depois se deitar a chorar

pobre alma

tão exausta desta vida nefasta

a vida do poeta

a desgraça que o abraça

ele é de nada e nesse nada se eleva

sobe à lua e volta

percorre universos e espaços infindos

habita seres e veste personagens

usa after shave e saias travadas

escreve como vomita e nele tudo é indigesto

vive cansado e cansado de viver, sufoca

com as palavras que verte de um trago

e o deixam ainda mais inconformado

pobre alma

a do poeta

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2024)