Celebra-se hoje o Dia Internacional do Livro Infantil, efeméride instituída em 1967 e no preciso dia em que se assinala também o nascimento de Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês e poeta de histórias infantis.
Que livros marcaram a nossa infância, bem pode ser um desafio à nossa mente no sentido de nos fazer recuar aos tempos em que os sonhos nos comandavam a vida. No que a mim diz respeito, dois heróis "enchiam-me" as medidas nessa época que parece que ainda foi há uns dias atrás. Foram eles Tarzan e Sandokan, o tigre da Malásia. Quem não os recorda também.
Mas outros houve e aqui neste texto ficam alguns dos que, com certeza, são comuns à maioria:
Que melhor maneira de homenagear um dos escritores infantis mais conhecidos desse universo literário que dedicar-lhe este dia tão especial, o Dia Internacional do Livro Infantil. Hans Christian Andersen era o seu nome e muitas foram as histórias para crianças que da sua imaginação ganharam vida, valendo-lhe, ainda hoje, o título de escritor mais lido em todo o mundo entre este target. Também ele nasceu neste dia 2 de Abril, mas de 1805, e entre as suas histórias mais conhecidas estão o patinho feio, o soldadinho de chumbo ou a pequena sereia, todos eles clássicos intemporais que, apesar de hoje se apresentarem com roupagens mais em concordância com os tempos que vivemos, continuam a fazer parte integrante das bibliotecas de muitos lares, ajudando a alegrar muitas e muitas crianças por esse mundo fora. Por isso, proponho que hoje se leia uma história de adormecer aos mais pequenos. Que ler ainda continua a ser a mais maravilhosa aventura em que cada um de nós pode embarcar. Boas leituras.
O único livro infantil escrito por William Faulkner, "A Árvore dos Desejos", já embeleza as livrarias um pouco por todo o país. Publicado pela primeira vez em Portugal, pela editora Ponto de Fuga, esta relíquia conta com as ilustrações originais de Don Bolognese. Diria que é mais um a não perder.
Este piolho e outras sete novidades para os mais novos surgem no seguimento do Dia Internacional do Livro Infantil, celebrado anualmente no dia 2 de Abril. Este já lá vai, mas ficam as sugestões de leitura que, com certeza, irão agradar a miúdos e, falo por mim, igualmente a graúdos. Boas leituras!
Porque existem outros livros que também importa realçar. Porque ensinam e educam num sentido que cada vez mais se comprova ser o correcto. Porque é importante as crianças cultivarem o gosto pela leitura desde bem cedo, mas também o é saberem que podem acompanhar essa leitura com a prática desta milenar actividade que as vai ajudar ainda mais a crescer saudáveis, tornando-se adultos responsáveis, que respeitam o mundo ao seu redor, que se preocupam com o outro, independentemente de raças ou credos, que sabem ser tolerantes, que constroem a sua auto-estima e que, mais importante de tudo, serão pessoas felizes e realizadas com a vida que escolherem. Por tudo isso, também livros como este são importantes. Fica a sugestão.
Aqui ficam os 20 livros infantis favoritos do Observador, referentes ao agora findo 2016: http://observador.pt/2016/12/27/os-melhores-livros-infantis-do-ano/
Porque é importante iniciar as crianças na leitura bem cedo.
Hoje, Dia Mundial da Criança, aqui ficam algumas sugestões de leitura que as vão ajudar a gostar de ler, de livros, de ilustração, de todo este fantástico mundo da literatura que, um dia mais tarde, lhes vai ser igualmente maravilhoso.
Para todas elas o meu desejo de um futuro ENORME e sempre com imensa paixão pela leitura.
Participei ontem neste workshop e devo dizer que fiquei bastante satisfeito com o mesmo. Amante de livros e devoto leitor dos mesmos, passei de uma quase sofreguidão na forma como devorava livros a uma inexplicável apatia perante os mesmos, quase aversão, o que me impediu de lhes pegar por um período de tempo para lá do aceitável. Depois do que aqui ouvi e apreendi, penso que voltar aos livros e ao prazer que é descobri-los através da sua leitura pode ser um processo simples, se alicerçado na vontade e motivação de cumprir com ensinamentos partilhados por César Ferreira, Reding Coach cofundador da WIPIREADS (catálogo social que ajuda as pessoas a atingir o sucesso através da leitura) e certificado em Storytelling pela James McSill, Ltd..
Vamos pois ao trabalho, colocando em prática os passos do processo, pois a leitura que entretanto se acumulou é imensa e a fome de a devorar maior ainda.
Os interessados nos diversos cursos proporcionados por este especialista em leituras e no ensino de as rentabilizar, devem visitar o seu site em: www.cesarferreira.org ou pedir informações para o seu e-mail: cesar@cesarferreira.co
Integrado na Quinzena da Leitura do Colégio da Torre em Oeiras, e mais concretamente no evento Maratona de Leitura, em que professores, colaboradores do Colégio da Torre e Pais foram convidados a contar uma história às crianças da escola, coube-me a mim hoje a minha vez de participar com a leitura de um antigo conto infantil meu que, a ver pela reacção dos presentes, foi do agrado geral.
Aqui fica então, para todos vocês que não puderam estar presentes e assim ouvir em primeira mão. Espero que gostem.
O prédio que não quis crescer
Aquela fieira de prédios altos e majestosos, muitos deles a tocarem os céus, só era diferente de todas as outras fieiras de prédios, igualmente altos e majestosos, por uma pequena, mínima, razão, que quase nem se dava por ela. No meio dos seus gigantes irmãos, um minúsculo prédio, quase insignificante, mantivera a sua baixa estatura, resistido à tentação de crescer, de acompanhar os seus vizinhos naquela louca corrida às alturas. E de tal forma mantivera essa sua ideia – muito à conta de uma enorme teimosia - que já ninguém sequer tentava falar sobre o assunto. Passara a ser natural para todos os outros, viver paredes meias com uma “amostra de prédio”, como ainda lhe chegaram a chamar. Provocações a que não deu qualquer importância, convencido que estava da sua ideia fixa de ser assim mesmo, pequeno. Nada o mudara antes, da mesma forma que nada o iria mudar agora. Passados os piores momentos - aqueles iniciais em que a sua teimosia muitas discussões provocara – todos viviam agora em perfeita harmonia e plenamente convencidos de que assim seria para todo o sempre. Havia, no entanto, um prédio, a alguns quarteirões de distância, que ainda hoje não se conformava com esta situação, na sua opinião, ridícula. Por que razão aquele prédio se recusara a acompanhar o crescimento dos seus irmãos? Que estranha ideia o levara a tomar tão insólita decisão? Não querendo dar parte fraca – mas remoendo aquele assunto todos os dias, durante anos a fio – o inconformado prédio, de duzentos e trinta e três andares, lá se decidiu a questionar o parente que ele próprio considerava muito afastado:
- Ouve lá, ó pequenote.
- Estás a falar comigo?
- Claro que estou a falar contigo. Vês aqui mais algum prédio a que possa chamar pequenote? – perguntava o enorme arranha-céus, agora todo encurvado como única forma de se chegar mais perto.
- Não gosto que me chamem nomes associados ao meu tamanho.
- Tudo bem, é justo. Não volto a fazê-lo. Mas há uma coisa que me tem dado a volta à telha e que gostava de esclarecer contigo.
- Muito bem, fala.
- Tem a ver com a tua altura.
- Pois que outra coisa poderia ser! – desabafou – Conta-me lá então o que é que tem a minha altura? – questionou em resposta, preparando-se para argumentar o que tantas vezes já repetira a outros curiosos como ele.
- É que é muito baixa.
- Pois é. E isso incomoda-te?
- Não, incomodar não me incomoda. Mas, digamos, faz-me alguma confusão.
- Faz-te confusão?
- Sim, faz-me confusão porque é que tu não queres ser alto como todos nós. Tu alguma vez tocaste os céus ou experimentaste a sensação única que é ver tudo lá bem do alto?
- Não, nem preciso.
- Fazes ideia da vista espantosa que todos temos lá de cima e que tu, aqui de baixo, nem imaginas?
- Mas quem é que te disse a ti que a vista que tenho aqui de baixo não é tanto, ou mesmo mais espantosa, do que a que tu tens lá de cima?
- Essa agora! Como é que isso é possível?
- Eu digo-te. Vocês cresceram, uns mais do que os outros, mas sempre com o objectivo de se afastarem cá de baixo. Tornaram-se altivos, frios, distantes e convencidos de que a vossa estatura era o que mais interessava. Mas enganam-se. Todos. O melhor da cidade está aqui em baixo, nas ruas. Porque o melhor da cidade são as pessoas e elas movem-se aqui, a dois passos de mim. Passeiam, correm, zangam-se, convivem, riem, choram, falam, tudo aqui, bem pertinho de mim. Sente-se o calor humano cá em baixo, não lá em cima. E isso sim, é o que verdadeiramente importa. Por um acaso vocês lá nas alturas têm essa visão?
- Das pessoas? Não, lá de cima elas são... minúsculas. Quase tanto como tu.
- Lá está! Percebes agora porque é que eu nunca quis crescer como todos vocês?
- Acho que sim.
- Como é que eu assistia a todo este espectáculo humano, a toda esta vida que pulsa a cada segundo na cidade, se estivesse lá no alto como vocês?
- Tens razão. Nunca tinha pensado nisso.
E posto isso, despediu-se, convencido, como todos os outros antes dele. O alto e majestoso prédio, de muitos e muitos andares, regressou à sua posição vertical, compreendendo agora as razões que haviam levado aquele pequeno prédio a recusar-se a crescer. A recusar-se a ser mais um arranha-céus vaidoso e apenas preocupado em tocar o céu, esquecendo que o mais importante, e única razão da sua existência, vive cá em baixo, com os pés bem assentes na terra.