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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Começa assim "E por vezes a noite"

por migalhas, em 16.12.24

um

 

Quanto vale a tua escrita? Que peso efectivo pode ela ter

ou deixar de ter numa sociedade em que mesmo os mais básicos

valores se deterioram a um ritmo alucinante, em que a

prioridade é cada vez mais focada em bens de primeira necessidade,

em que o espectro da pobreza, da mendicidade, há

muito assombra cada um, sem olhar a credo ou a raça? Qual o

valor real de uma palavra vinda de ti, de uma frase que aches

brilhante, a todos os níveis intocável? Será que sem aquilo que

dizes e que escreves o mundo pode continuar a avançar? Será

assim tão determinante para o correr dos dias aquilo que tens

para dizer, tudo quanto passas para o papel, sejam ideias, rascunhos,

diálogos? Quem estipula o teu valor? Seja comercial,

seja meramente artístico? E mesmo esse, quem é ele? Que tem

de extraordinário ou por que possui ele essa procuração que

lhe permite avaliar o valor deste ou daquele conteúdo, deste

ou daquele pedaço de escrita? Nessa subjectividade que é analisar,

avaliar, conferir maior ou menor nota a um punhado

de folhas tingidas pelo negro das ideias que nelas se materializaram

e agora se preparam para fazer pela vida ou morrer a

tentar. Um livro será sempre um livro. As letras são as mesmas

para todos, apenas o seu encadeado varia de autor para autor,

de acordo com o enredo, a ideia, o ritmo, o estilo. É essa a

magia da escrita: encantar e surpreender com algo que está ao

alcance de todos. Terá a tua escrita o quanto lhe baste nessa

matéria? Que a teus olhos tem isso e muito mais. Mas não

quererás tu ir mais longe e um dia vires a ingressar nesse restrito

círculo dos que são amados e admirados pelo que escrevem

e o modo como o escrevem?

 

Quem pretender adquirir um exemplar, ou mais, deste meu mais recente mergulho na escrita literária, por favor proceda ao pedido nos comentário. Obrigado e Boas-Festas.

amanhece

por migalhas, em 17.05.24

anoitece, amanhece

e de premeio o mar

onde tudo acontece

qual espelho que tudo reflete

uma imagem, uma prece

na medonha força que cresce

e das bravas vagas emerge

e embrutece

até que saciada esmorece

ao som das ninfas

do cântico que adormece

e prepara a hora, que anoitece

para novo dia, que amanhece

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

roncos, grunhidos

por migalhas, em 15.05.24

roncos, grunhidos

uivos sumidos

na terra, no céu

são sons distorcidos

em pele de lobo

ou só com um véu

são seres desconhecidos

que não se quedam por ninguém

são roncos, são grunhidos

são a voz do desdém

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

o que é e o que devia ser

por migalhas, em 13.05.24

É assim, mas não devia.

Fazes assim, mas não devias.

Sabes o como e o porquê

e ainda assim não é isso o que se vê.

 

Ages à revelia do teu ser

és o oposto do que pensas e sabes

que tu assim não és são

nem te julgues a salvo.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

na enormidade do que é EFÉMERO

por migalhas, em 06.02.24

capa_enormidade.png

Esta é a minha mais recente edição de autor. Um pequeno livro que reúne alguma da obra poética por mim produzida nos últimos anos, devidamente "ilustrada" por outra das áreas artísticas a que me dedico amiúde, a colagem.

Se pretender adquirir um exemplar desta peça de arte única e irrepetível, a mesma tem o custo de 10€ + portes de envio e pode encomendá-la directamente a mim em resposta a este post.

 

terra nenhuma

por migalhas, em 09.11.23

terranenhuma.jpg

tardiamente

por migalhas, em 07.11.23

tardiamente.jpg

vazios

por migalhas, em 20.07.23

os armários estão vazios

eu parti, tu partiste, partimos

elos quebrados

forma e conteúdo desligados

ponto final parágrafo

de hoje em diante desasados

 

os armários estão vazios

do que fomos pouco encerram

malas feitas, vidas desfeitas

ocas do tempo que julgámos eterno

agora a jurar promessas no inferno

 

os armários estão vazios

as paredes nuas, frias

nas prateleiras resta o pó

que connosco conviveu e a mesa partilhou

arrelias, ténues alegrias

guerras, tantas guerras

a toda a hora, todos os dias

 

os armários estão vazios

o silêncio varreu esta casa

sepulcral, integral

resta o odor a bafio

que até o ar foi a enterrar

 

os armários estão vazios

governa o escuro

que a luz recusa-se a entrar

é bom para os fantasmas

dessa efémera paixão

a que aqui jaz desde então

nos armários, nas prateleiras, no chão.

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

pó vagabundo

por migalhas, em 18.07.23

o pó assenta, sempre o faz

desde que instigado, no seu voo alado

deter-se, ficar-se, é incapaz

bicho irrequieto que vive em todo o lado

 

só nós teimamos em ocultá-lo

invisível torná-lo

removendo-o, varrendo-o, daqui ou doutro lugar

na certeza de que, adiante, acaba por pousar

 

daqui, dali, de lado algum ele sai

teimoso, impassível, a lado algum ele vai

omnipresente, ser intransigente

cabeça de cartaz, coisa resistente

 

apenas na nossa cabeça o eliminamos

na supérflua tarefa que nos faz gente

nós, tolos humanos

dois passos atrás, meio para a frente

 

o mesmo pó a que seremos lançados

por ele tragados no seu contentamento

aos leões esfomeados, pobres de nós

que nada nos sobra em testamento

 

é pó, é terra, é o fim do caminho

é arena despida do que é humano

que este morrer é sempre sozinho

é meu, é teu, é destino profano    

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Há de haver

por migalhas, em 14.07.23

à imagem deste que julgo ser

à beira de um imaginário precipício

há tudo quanto se me escapa

daqui até onde a minha mão alcança

 

há o que não pressinto, nem vejo

neste meu infinito desejo

há o que calo e não digo

como quem silencia um inimigo

 

no universo há tudo isto

mais aquilo que não entendo

amálgama de que sou feito

para lá deste espaço e tempo em que existo

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)