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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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terra nenhuma

por migalhas, em 09.11.23

terranenhuma.jpg

tardiamente

por migalhas, em 07.11.23

tardiamente.jpg

vazios

por migalhas, em 20.07.23

os armários estão vazios

eu parti, tu partiste, partimos

elos quebrados

forma e conteúdo desligados

ponto final parágrafo

de hoje em diante desasados

 

os armários estão vazios

do que fomos pouco encerram

malas feitas, vidas desfeitas

ocas do tempo que julgámos eterno

agora a jurar promessas no inferno

 

os armários estão vazios

as paredes nuas, frias

nas prateleiras resta o pó

que connosco conviveu e a mesa partilhou

arrelias, ténues alegrias

guerras, tantas guerras

a toda a hora, todos os dias

 

os armários estão vazios

o silêncio varreu esta casa

sepulcral, integral

resta o odor a bafio

que até o ar foi a enterrar

 

os armários estão vazios

governa o escuro

que a luz recusa-se a entrar

é bom para os fantasmas

dessa efémera paixão

a que aqui jaz desde então

nos armários, nas prateleiras, no chão.

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

pó vagabundo

por migalhas, em 18.07.23

o pó assenta, sempre o faz

desde que instigado, no seu voo alado

deter-se, ficar-se, é incapaz

bicho irrequieto que vive em todo o lado

 

só nós teimamos em ocultá-lo

invisível torná-lo

removendo-o, varrendo-o, daqui ou doutro lugar

na certeza de que, adiante, acaba por pousar

 

daqui, dali, de lado algum ele sai

teimoso, impassível, a lado algum ele vai

omnipresente, ser intransigente

cabeça de cartaz, coisa resistente

 

apenas na nossa cabeça o eliminamos

na supérflua tarefa que nos faz gente

nós, tolos humanos

dois passos atrás, meio para a frente

 

o mesmo pó a que seremos lançados

por ele tragados no seu contentamento

aos leões esfomeados, pobres de nós

que nada nos sobra em testamento

 

é pó, é terra, é o fim do caminho

é arena despida do que é humano

que este morrer é sempre sozinho

é meu, é teu, é destino profano    

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Há de haver

por migalhas, em 14.07.23

à imagem deste que julgo ser

à beira de um imaginário precipício

há tudo quanto se me escapa

daqui até onde a minha mão alcança

 

há o que não pressinto, nem vejo

neste meu infinito desejo

há o que calo e não digo

como quem silencia um inimigo

 

no universo há tudo isto

mais aquilo que não entendo

amálgama de que sou feito

para lá deste espaço e tempo em que existo

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

d'amor!

por migalhas, em 12.07.23

“De quantos encontros se faz uma vida De quantos

Duplo de mim

por migalhas, em 10.07.23

Há um duplo de mim

Igual, tal e qual

Que espreita a cada esquina

Me olha e copia

Mas que em pouco ou nada se associa

Ou de mim sequer se aproxima

 

Esse duplo

Que dizem existir

É esforçado, lá isso é

Assemelha-se, aqui e ali

Mas fica-se por aí

Qual cópia de mim!

Nem nada que se pareça

Que o tire da cabeça!

 

Uma mera contrafacção

Um artigo em segunda mão

A fazer-se passar pelo original

Mas tristemente igual

Nem cuspido, muito menos escarrado

Tão longe está

Mais longe fica

Quando comparado

Ele, que nem ares dá

Pobre coitado

 

Que como eu, só mesmo eu

Irrepreensível peça única

sem volta a dar

Ou forma de copiar

Louvada joia

Entre os seus pares

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2023)