homem deste tempo
por migalhas, em 11.06.25
Vestes roupas emprestadas
de outras almas impregnadas
de suor, de pudor
de vestígios de um pó branco avassalador
em malgas de restos ressequidos, comes
ou sonhas que o fazes
procuras qualquer coisa que seja
na míngua da vida a que te entregaste
já não dormes, já só te encostas
os pés em ferida, as mãos gretadas
o cabelo desgrenhado
a vida em surdina
num espaço incerto e desolado
ao sol, ao relento, ao frio intenso
num vão de escada, à mercê da espada
à morte que te convoca em cada esquina
à tua sorte, homem deste tempo.
© Copyright Miguel Santos Teixeira
Poema incluído na Antologia Poética "Pela Paz", editado em Maio de 2025.