Nenhum outro romancista moderno era tão apegado ao sublime apocalíptico quanto Cormac McCarthy, que morreu aos 89 anos em sua casa no Novo México. Ao longo de uma carreira na ficção, que gerou 12 romances, duas peças de teatro e uma série de excelentes adaptações para o cinema, a musa de McCarthy sempre foi o abismo. Ele escreveu sobre a escuridão, a violência, o horror e o caos que percebeu no centro de toda a criação – não com o terror histérico de HP Lovecraft, mas com um lirismo extático mais parecido com o de poetas místicos muçulmanos louvando arrebatadamente seus santos amados.
Sem saber ler nem excrever, fui dar com esta relíquia que desconhecia por completo. Um incursão pela BD deste intrépido e viajante chefe de cozinha que percorria o mundo atrás dos melhores e mais exóticos petiscos. O género é o horror e mais horrorizado fiquei quando pensei que me poderia ter passado completamente ao lado, pois a edição é americana e não consta que haja previsões de uma edição portuguesa para breve. A ver vamos. Editado em Setembro de 2018 pela americana Dark Horse Comics, ou seja, dois meses passados sobre a sua morte, este belíssimo livro apresenta ainda, para além dos estranhos contos de medo e comida um pouco de todo o mundo, um conjunto de receitas totalmente novas e originais preparadas por Bourdain e um guia para os espíritos lendários e fantasmagóricos por detrás desses contos horripilantes. Mais não digo, apenas que se trata de uma obra essencial para qualquer apreciador de boa e assustadora bd.