Projecto/performance "Na alucinação que é cada viagem": Texto 4. Mar de gente
por migalhas, em 26.10.23
Mar de gente
há um mar de tanta gente
gente indiferente, gente impotente
gente imensamente descontente
gente demente
e que mente
com quantos dentes ostenta
que nem oito nem oitenta
nesta praça pública
nesta pública roleta
que ao som da trompeta
tocada a rebate
bate e foge
da mão morta que já nem encontra a porta
entre este mar revolto
de tanta gente dormente
aos céus e à terra temente
consumida por esta cinza inclemente
gente que já nada crê ou sente
hoje, agora, neste momento presente
amanhã, adiante, para todo o sempre
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)