novo velho
o ano, novo
só porque se lhe muda um algarismo
só por que se lhe acrescentam 366 dias
só por que assim o ouvimos dizer
a vida, nova
só por que segue adiante
só porque almeja a novas metas
só por que assim o desejamos
novo, nova
uma cama de ilusões
sob o peso destes cobertores
que já não aquecem, nem arrefecem
os olhares, ansiosos, os corações
as mãos que pedem em oração
a esperança que se lê nas resoluções
de novo, nada
mais do mesmo
a mudança, simulada
o ano, a vida
reposições estafadas
os pés andam, as pernas acompanham
a mente imagina
no mar são os remos, na terra os sapatos
mas aonde vamos?
Este que vem é bissexto
Mais um dia que acrescenta
Mais uma camada de coisa alguma
Numa rota saturada
De tudo, de nada
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)