nada sei
por migalhas, em 16.07.24
não vivo, existo
sufoco, a cada dia
ou será a cada hora?
Que se arrasta, demora.
Tirem-me deste filme!
Que o guião é mau demais
os planos seguem parados
os personagens desesperados
Preso nesta farsa, não vou a nenhum lado
Angústia? Engulo-a em seco.
Respiro condicionado, peito apertado
As entranhas revolvem-se, eu revolto-me
E?
Nada, sempre na inexistência
envolto num nada pestilento
estático estou, em constante permanência
Congelado a cada aurora
numa espera que incomóda
vazio por dentro, por fora
assim deambulo eu, nesta ausência
E o pior de tudo é a consciência
Que a todo o segundo me assola
de que não sei o que busco
nem tão pouco o que me consola
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)