nada
Nada é meu
Da mesma forma que nada é teu
Ou de alguém
A possessão é algo que nos morre
Que finda junto com a nossa morte
Ter, possuir, é meu, é teu, na verdade não é de ninguém
É antes perpétuo, do universo e por isso resiste aos nossos dias
Não é meu, não é teu, nem sequer de alguém
É engano pensar que o detemos, seja o que for, quem for
Nada nos pertence
Hoje, ontem em tempo algum
Somos o que somos e de passagem estamos
Tudo é ilusão, desde o que pensamos que podemos ao que julgamos
que temos
Nada de nada
Nesta estada de milésimos, nem o que contemplamos nos acompanha
Nem isso nem qualquer façanha
Tudo é cenário, apenas paisagem
Que na nossa memória, apenas e só, ilustra a viagem
© Copyright Miguel Santos Teixeira