já nada importa
por migalhas, em 16.06.23
aqui ao lado mora a devastação
parida de um vórtice de morte
que antes essa que tal sorte
a de existir esventrado de alma, de coração
são cinzas de um incenso vertido ao mar
num negrume que nada augura de bom
são corvos que esvoaçam a sua dor
nas costas de um tempo devedor
são grãos sem vida desta terra esbatida
num clamor de aridez que já nada ostenta
tudo aqui jaz nesta roupa encardida
que o que brotou vivaz já não se sustenta
o mar afogou-se em mágoas
em tom defunto quedou-se o céu
toda a natureza sossega agora morta
aqui, onde já nada nem ninguém
ou coisa alguma ainda importa
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