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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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encantado

por migalhas, em 28.03.25

Se algo me encanta?

Poemar, as palavras arrumar na desarrumação de um poema por instinto.

O sentir que daí vem, o apego à força dessa construção, num empreendimento

hercúleo, dantesco, ao amor e ao que por ele se sofre, quantas vezes tenebroso, que nunca da razão.

Que não existe razão para tal, neste instinto animal de berrar a plenos pulmões, em convulsões da alma, neste doer que se verte em palavras sofridas e cansadas, que se arrastam ao ouvido e lhe soam tão bem.

Tónicos e suplementos de vitalidade, sem idade ou propósito que não o de embelezar os dias, como música musicada das entranhas da solidão.

Encanta-me a poesia. Como a noite fria em que numa rajada doentia se ergue a voz e tudo alumia na via deste destino. Entre tanto desatino, à força de se querer ser mais que tudo. A via láctea, a Cassiopeia, a viagem de uma epopeia de sangue, alma e que calma, a que se lê e ouve, neste poema. Doce e amargo, num trago embelezado, sem espinhas, todo coração.

Esta paixão escorre-me das mãos ao papel e nele se entrega aos prazeres de uma noite de verão.

Abençoadas as palavras, assim sentidas, assim sofridas, em lágrimas derramadas.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)