É tempo, sabe-se lá de quê.
É tempo de sentirmos frio
mas quem nos abraça é o calor!
É tempo de brilhar a chuva
mas quem actua é o astro sol!
É tempo de dias cinzentos
de nuvens escuras, céu carregado
depressões, constipações
urgências à nora, por todo o lado
Mas o que se vê são esplanadas cheias
areais de gente feliz em fato de banho
esquece lá as botas e as meias
viva a vitamina B12, abaixo o ranho!
Acabou o tempo com rótulo
Já nada é o que deveria
Andamos ao sabor da maré
Nós, os responsáveis por esta anomalia
Assobiámos para o lado por tempo demasiado
Virámos as costas às evidências
Quisemos tudo sem olhar a meios
Resta-nos agora as consequências
Fizemos trinta por uma linha
Desrespeitámos a natureza
Deixámos o planeta feito num oito
Para vivermos hoje esta incerteza
Rezem agora, rezem
Que deus algum nos vai ajudar
Vestimos a pele do diabo
E é com ele que vamos acabar
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)