É fogo
por migalhas, em 04.07.23
Alimenta o fogo
Alimenta-o bem
Dá-lhe o que ele gosta e vê-o crescer
Ele que tudo consome
Seja carne
Da tua, da minha
Ou carne seja
Que nunca é demais, pois nunca sobeja
Servida à gula do seu ser
No cerne do que ele é
Besta irada em dança de labaredas
Num apelo de sofreguidão incansável
Ele insaciável
Ele monstro infernal que no calor da emoção se consome
E a vida obscurece num negrume que transparece
Desse seu modo violento de quem chama ardentemente
De quem se sabe demente
E não recua jamais
Que o seu fito é para a frente
Obcecado, doente
Até se fazer distante
Passado, história
Um rasto de cinzas ao vento
Extinto o momento
© Copyright Migalhas (2016)