Dormente
por migalhas, em 06.07.23
Em revoadas
Sem tempo definido
Ao longe a memória
Em fagulhas de um ardor doente
Como farpas de um amor quente
Que não se olha
Mas que se sente
E assim o corpo, dormente
E depois, quando já nada nem ninguém
No coração de uma qualquer noite
Os rostos sucedem-se
Tocam os sinos a rebate
E no cerne dessa fúria
Surgem então à tona
Esses ses tão espessos
Breu que alumia
Esta espécie de agonia
Que sem tempo definido
E em revoadas de uma sarcástica dor
Não deixam dúvidas
Mas o corpo assim, e também a mente
dormente
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