deambulando
deambula o homem
deambulo eu com ele
olhos focados num finito perdido
na distância que não se vê
na distância que não se atinge
passos mecanizados, tantos assim como nós
buscam, nem sabem o quê
um sentido, um objectivo que os sintonize com cada dia
imersos neste imenso mundo que ninguém conhece por inteiro
enorme, medonho, tão belo, inalcançável
para os que deambulam desamparados
o homem e eu, como eles
castos de sentido, sem eira nem beira
à espera que a noite se faça dia e nesse o sol desponte em quanto esplendor
e naquele ténue horizonte o caminho aponte
que permita o regresso
a um ser, a um estar, que seja passaporte para dias de rasgados feitos
nem que sejam sempre iguais
nem que sejam imperfeitos
mas que sejam por algo mais que este deambular perdido
sem mais nada saber senão
que me movo, mas não avanço
que inspiro, mas não respiro
que olho, mas nada vejo
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2013)