contra tempo
no sepulcral cair da noite
no tumulto que se queda e finda
no silêncio que se apraz agradado
neste fim que aqui jaz agendado
até novo ciclo de tudo de novo
e de nada que se compadece
na orla de um céu que nunca entristece
jamais envelhece
apenas se ergue e deita
se acende e ofusca
na sequência que são os dias e as noites e o tempo
que corre lesto, na pressa de se fazer maior ainda
de tanto que já é e tem
que nem a memória nem ninguém
para lhe dizer basta
são horas, mas de te acalmares
de esse ímpeto furioso refreares e simplesmente apreciares o que são os teus filhos
minutos, segundos
escassas parcelas que de ti se perfizeram
mas que agora somente esperam
por um singelo momento de contemplação
de uma pausa na quietude destas planícies sem fim
onde parar não é morrer
onde tudo se remete à expiação
impassível face ao perdão
impossível
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2013)