Ao retardador, final
de início, ferozes
as folhas da vida correm velozes
incentivadas pelo querer e tudo poder
galopam bravas a ânsia desmedida
a meio caminho travam o passo
não mais estugado, algo cansado
é hora de abrandar, de pensar
de entender a manta e descansar
depois adiante, ao retardador
esmorece a vontade, maior o dissabor
enorme o desejo em recuar
a tempos que se recusam a voltar
que o querer rejuvenescer paira a certa altura
entre a terra e o céu a que ascenderemos
corre no curso inverso que é o do tempo
nesse portento de força em contramão
que a vida é um fantoche sem jeito
que a reboque do tempo se espreguiça no seu leito
e nele se materializa
nele se realiza
nele se avista tão longe quanto o dia em que se precipita
ela que se julgava infinita
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2013)