ao longe
por migalhas, em 20.06.23
ruínas habitam-me o peito
destroços esquecidos do que um dia foi pedra de toque a cada nova aurora
hoje pedra fria que apenas chora
naufraguei, a certa altura da vida
não sei quando, nem porquê
apenas que não saro esta ferida
que profunda se sente, pior se vê
ao longe olho o mar e invejo o seu respirar
mais longe ainda procuro um ponto onde me ausentar
não que sossegue ou apazigue este sofrer em mim encarnado
mas deixa entreaberta a porta que me há-de ser a fuga
quem sabe a cura
para esta loucura
que se contorce, geme e queixa
e a reboque da sua dor leva a minha
e sem consolo a deixa
© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)