abaixo do chão
por migalhas, em 18.03.25
mais prego menos prego
nas tábuas deste caixão
de nada adianta ao adiantado da situação
não me reduz a pena
tão pouco suaviza a dor
desta cárcere eterna
que me espera abaixo do chão
esmorecidas vozes
de um coro descrente
entoam os salmos
desta morte eminente
cabisbaixos, braços ao dependuro
cegos, surdos e mudos
num leito de corpos em convulsão
desnudos de fé
peganhentos, lustrosos
suadas lagostas em orgias desmesuradas
jazem na terra, abaixo do chão
seis palmos, cessam os salmos.
© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)