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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Duplo de mim

por migalhas, em 10.07.23

Há um duplo de mim

Igual, tal e qual

Que espreita a cada esquina

Me olha e copia

Mas que em pouco ou nada se associa

Ou de mim sequer se aproxima

 

Esse duplo

Que dizem existir

É esforçado, lá isso é

Assemelha-se, aqui e ali

Mas fica-se por aí

Qual cópia de mim!

Nem nada que se pareça

Que o tire da cabeça!

 

Uma mera contrafacção

Um artigo em segunda mão

A fazer-se passar pelo original

Mas tristemente igual

Nem cuspido, muito menos escarrado

Tão longe está

Mais longe fica

Quando comparado

Ele, que nem ares dá

Pobre coitado

 

Que como eu, só mesmo eu

Irrepreensível peça única

sem volta a dar

Ou forma de copiar

Louvada joia

Entre os seus pares

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2023)

Dormente

por migalhas, em 06.07.23

Em revoadas

Sem tempo definido

Ao longe a memória

Em fagulhas de um ardor doente

Como farpas de um amor quente

Que não se olha

Mas que se sente

E assim o corpo, dormente

 

E depois, quando já nada nem ninguém

No coração de uma qualquer noite

Os rostos sucedem-se

Tocam os sinos a rebate

E no cerne dessa fúria

Surgem então à tona

Esses ses tão espessos

Breu que alumia

Esta espécie de agonia

Que sem tempo definido

E em revoadas de uma sarcástica dor

Não deixam dúvidas

Mas o corpo assim, e também a mente

dormente

 

© Copyright Migalhas (2014)

Nós por cá

por migalhas, em 23.06.23

Olhar

Atento

Mundo

Imenso

 

Lançados estão os dados

Roda a esfera, esta esfera, num mar de muitas

Infinitas possibilidades, num avassalador desconhecido

Que nada se repete, tudo se transforma

Corpo e alma

Fogo e gelo

 

Que há um tempo

este

Mas o espaço

Aquela vastidão

 

E nós, nesta redoma

Que nos molda

E tolda

Sem fim

Assim

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2014)

ao longe

por migalhas, em 20.06.23

ruínas habitam-me o peito

destroços esquecidos do que um dia foi pedra de toque a cada nova aurora

hoje pedra fria que apenas chora

 

naufraguei, a certa altura da vida

não sei quando, nem porquê

apenas que não saro esta ferida

que profunda se sente, pior se vê

 

ao longe olho o mar e invejo o seu respirar

mais longe ainda procuro um ponto onde me ausentar

não que sossegue ou apazigue este sofrer em mim encarnado

mas deixa entreaberta a porta que me há-de ser a fuga

quem sabe a cura

para esta loucura

que se contorce, geme e queixa

e a reboque da sua dor leva a minha

e sem consolo a deixa

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

já nada importa

por migalhas, em 16.06.23

aqui ao lado mora a devastação

parida de um vórtice de morte

que antes essa que tal sorte

a de existir esventrado de alma, de coração 

 

são cinzas de um incenso vertido ao mar

num negrume que nada augura de bom

são corvos que esvoaçam a sua dor

nas costas de um tempo devedor

 

são grãos sem vida desta terra esbatida

num clamor de aridez que já nada ostenta

tudo aqui jaz nesta roupa encardida

que o que brotou vivaz já não se sustenta

 

o mar afogou-se em mágoas

em tom defunto quedou-se o céu

toda a natureza sossega agora morta

aqui, onde já nada nem ninguém

ou coisa alguma ainda importa

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Citando-me_parte8

por migalhas, em 12.06.23

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Citando-me_parte7

por migalhas, em 06.06.23

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eu perdido e a criança

por migalhas, em 01.06.23

É a civilização quem ordena erguer cidades, exige derrubar árvores.

É ela quem estende viscosos tentáculos até onde o vento se sente escassear.

Espreito esta nesga de tempo enquanto posso

e nela refugio o olhar cansado que ainda consigo.

Aqui estou perdido.

Eu e a mente por onde ecoam as vozes, tantas quantas as perdidas, como eu

distante que nem os passos todos que pudesse ainda dar

este tempo fez-se tempo passado

filho bastardo de um rumo há muito também perdido

que da vida já nem sinal.

“Mas não faz mal, pois não?”

Na inocência de quem é criança e nunca deveria deixar de o ser.

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2011)

 

Citando-me_parte6

por migalhas, em 30.05.23

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mundo imundo

por migalhas, em 26.05.23

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