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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Projecto/performance "Na alucinação que é cada viagem": Texto 3. Na alucinação que é cada viagem

por migalhas, em 25.10.23

Na alucinação que é cada viagem

 

há uma fuga que se escreve

não planeada, inconsciente

mas que está lá, em cada viagem

em cada ida, a anteceder a partida

que fervilha, ganha vida e é combustível que me inflama de vontade

 

há uma fuga que me enlaça

me arrasta caminho fora, me atira para diante

me faz sonhar com amanhãs perfeitos, lá, para onde vou

de que o check-in é apenas preâmbulo

 

há uma fuga que me alucina

me engana a retina e tolda a vida, deixando-me em pausa

num limbo que visto como roupa de Domingo

tão lindo, tão imaculadamente feliz

tão embevecido com a vista daquele quarto impessoal de hotel

para onde, nem sei

mas é o que sempre quis, desde que aqui cheguei

 

Esta fuga, que me rouba à rotina

Que me distrai de quem sou a cada dia

Chama-se viagem ao mundo das alucinações

Sim, se calhar é uma droga, um alucinogénio à mão de semear

Se tiver dentes ou unhas para o tocar

 

Que depois há o voltar

Pés na terra, mãos ao ar

Que este sou eu

Não há volta a dar

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Projecto/performance "Na alucinação que é cada viagem": Texto 2. O processo

por migalhas, em 24.10.23

O processo

 

Papel, tesoura e cola

assim ou por outra ordem

na desordem que é cada empreitada

na maioria das vezes demorada, lânguida e preguiçosa

que se demora a mostrar ao que vem

 

É matéria-prima que me serve os intentos

de criar uma teia de imagens retalhadas

de imagens fraccionadas, remendadas

que pela minha mente processadas, retornam assim, recriadas

 

É nestas alucinantes deambulações

que empreendo a fuga ao que me é comum

ao tédio da rotina, ao que me fere a retina

em partidas não planeadas, visceralmente desejadas

 

num abraço apertado

com que enlaço cada quadro

cada viagem para lá do universo

vou eu assim, alucinado

em paz com este meu fado

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Projecto/performance "Na alucinação que é cada viagem": Texto 1. Retalhar

por migalhas, em 23.10.23

Retalhar

 

Retalhar

Na mesma proporção, existir

Aos pedaços

Ou por inteiro

Que a soma das partes ainda acrescenta

 

Retalhar

Cortar em fragmentos

Grandes, pequenos, que o tamanho aqui é pormenor

Da dimensão que eu o quiser

 

Parcelar

É vida que se antevê em cada porção

De papel, de cartão

Um imenso mar adiante

Ou então não!

Apenas má sorte e a inevitável morte

Com ela para o caixote!

 

São retalhos

Aquilo que são

Que colados contam outra história

Nem melhor, nem pior

Diferente

Apenas outra

Nascida da lâmina que assim a concebeu

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

já nada importa

por migalhas, em 16.06.23

aqui ao lado mora a devastação

parida de um vórtice de morte

que antes essa que tal sorte

a de existir esventrado de alma, de coração 

 

são cinzas de um incenso vertido ao mar

num negrume que nada augura de bom

são corvos que esvoaçam a sua dor

nas costas de um tempo devedor

 

são grãos sem vida desta terra esbatida

num clamor de aridez que já nada ostenta

tudo aqui jaz nesta roupa encardida

que o que brotou vivaz já não se sustenta

 

o mar afogou-se em mágoas

em tom defunto quedou-se o céu

toda a natureza sossega agora morta

aqui, onde já nada nem ninguém

ou coisa alguma ainda importa

 

© Copyright Migalhas (100NEXUS_2013)

Cormac McCarthy. O brilho sombrio de um poeta lírico do horror e do caos.

por migalhas, em 14.06.23

Captura de ecrã 2023-06-15, às 18.28.25.png

 

Nenhum outro romancista moderno era tão apegado ao sublime apocalíptico quanto Cormac McCarthy, que morreu aos 89 anos em sua casa no Novo México. Ao longo de uma carreira na ficção, que gerou 12 romances, duas peças de teatro e uma série de excelentes adaptações para o cinema, a musa de McCarthy sempre foi o abismo. Ele escreveu sobre a escuridão, a violência, o horror e o caos que percebeu no centro de toda a criação – não com o terror histérico de HP Lovecraft, mas com um lirismo extático mais parecido com o de poetas místicos muçulmanos louvando arrebatadamente seus santos amados.

- in theguardian.com

 

7 Julho de 2004 - 7 Julho de 2017

por migalhas, em 07.07.17

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13 Anos. Podia ser uma vida, e em parte até é, mas é o tempo que contabiliza o meu blog, o 100NEXUS. Um blog que me tem dado imenso prazer construir e o qual trato com todo o carinho que a escrita me merece, pois é disso mesmo que se trata: ESCRITA. Se por um lado tem sido o meu ganha pão enquanto área profissional, por outro essa mesma escrita tem representado todo um outro universo, bem mais amplo e gratificante em termos de realização pessoal, algo que o profissional nem sempre permite. Mês após mês, desde essa data que ditou a primeira publicação (e que então versava um insólito tema, bolachas com sabor a... armário!), tenho tentado manter actualizado este meu espaço de partilha com tudo aquilo que considero pertinente, essencialmente ao nível da cultura. Mais a literatura, a prosa, a poesia, o mercado editorial, prémios literários, enfim, o que me motive a tecer umas palavras sobre. Quem me acompanha com regularidade sabe que assim é e o mais que posso prometer é que continuarei para diante neste registo que soma já 13 anos de actividade, dedicação, devoção e, essencialmente, muito prazer. Se depender apenas de mim, próximo ano neste mesmo dia cá estarei para me congratular com mais um. Até lá.

100NEXUS em destaque

por migalhas, em 28.06.17

Captura de ecrã 2017-06-28, às 11.43.58 AM.png

 

Constato, com satisfação, que o meu velho blog foi hoje, 28 de Junho de 2017, alvo de destaque na página do sapo a esse propósito destinada. É bom saber que o que faço, escrevo e partilho há tantos anos ainda vai sendo olhado aqui e ali e, neste caso particular, apreciado. Fica o meu obrigado ao sapo e a promessa de que tal apenas me motiva a seguir em frente ainda com mais vontade. A todos os que me seguem, votos de boas leituras.