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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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sei-lhe o fim

por migalhas, em 14.02.25

De que me serve dar-lhe início

se já lhe sei o fim?

Começa no zero, acaba no nada.

Ou antes ainda, para se precipitar num depois inexistente.

O que antes havia, depois haverá

sobrevivendo a cada novo começo e ao abismo em que cada um se precipitará.

Esta é a contabilidade, a realidade

insignificante e tão, mas tão, vazia

que não vale um sopro, não vale nada

onde começa e onde acaba.

Agora vês-me, agora já não.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

sem culpa e sem idade

por migalhas, em 12.02.25

enquanto dás like àquele outfit

com um emoji avalias aquela receita

e de caminho tiras uma selfie à porta do café chique onde vais amiúde

caem bombas, drones explodem, rajadas de metralhadora despedaçam destinos

sem aviso, sem piedade, sem do trigo separar o joio dos inocentes

dessas crianças que sonhavam ser como tu, linda e feliz nessa selfie que a seguir partilhas com os amigos

amigos vivos, abençoados por estarem do lado de cá

que do outro lado deste mesmo mundo, teu e deles

as crianças que sonhavam ser como tu não têm esse direito

apenas a morte escrita no peito

sem culpa e sem idade

por entre os escombros da sua cidade

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira

 

Poema incluído na Antologia Poética "Pela Paz", editado em Maio de 2025.

Apenas

por migalhas, em 10.02.25

Aqui dormes,

descansas,

sob este sol abrasador que te toca e sente,

assim, indiferente.

Porque dormes e apenas sonhas.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Cautela

por migalhas, em 07.02.25

tu, que vais formosa e segura

carne exposta aos sete ventos

tem cautela na próxima esquina

dessa rua a que chamas tua

 

é que o mundo mudou

e a cobro da hora de inverno

olhos gulosos seguem essas tuas verdes curvas

esse teu sorriso lindo e inocente

que não sabe nem sonha

o que o espera lá mais à frente

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

derradeira voz

por migalhas, em 04.02.25

também sei ser bruto, primário, ordinário

selvagem de duvidosos costados

que afloram a espaços

numa raiva tal, que nem água vai

 

é um estado que me deixa alterado

na hora em que me toma os colarinhos deste cavalheirismo esgotado

para cavalgar a ira que nele se esconde

sem ponta de vergonha, para mal dos meus pecados

 

aguardar já não é solução

a esperança fez as malas, emigrou

esta pólis está inquinada

às mãos sujas de governantes corruptos

num vício crescente de poder maligno

levado à cena em orgias escancaradas

 

mas cuidado, ó ditadores!

que os quase descrentes, no limite

espezinhados e já moribundos

também se elevam, revoltam e sabem ser brutos, primários

neles aflorando a besta feroz, sua derradeira voz.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Asco

por migalhas, em 16.01.25

Que asco!

Que país este, ao que ele chegou.

Envergonha-me, dispõe-me mal, a mim e a milhões como eu

que num bote sem remos, que afunda a pique

enojados existimos, uns sobre os outros

em vielas e ruas que nem espaço possuem

comprimidos pela carga que pressiona e asfixia

a fiscal, a manipuladora, a ditadora

que se banha numa corrupção activa, a que assistimos de forma passiva

num país que já foi tão enorme

e que agora apenas dorme

ressona alto e arrota as memórias dos banquetes esbanjados com o dinheiro que é do estado

que é nosso

mas que nas mãos porcas e sôfregas das víboras no poder

ao povo deixa neste estado

sem casa, sem comida, sem condições para viver.

 

Vamos a sobreviver

até quando, vá-se lá saber!

Que asco!

Que país este, ao que ele chegou.

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Acontece

por migalhas, em 14.01.25

Bate-me o sol

Quente e afável

Neste amanhecer louvável

 

Mas como? Num cenário assim

posso sentir-me esmagado

triturado, coração estraçalhado

 

Irrompe, sem freio

Com tamanho fulgor

por entre o calor

por entre as pétalas luzidias da manhã

por entre os ninhos que escondem a preguiça do primeiro voo

 

o ar arrefece

este meu peito estremece

é a vida

que mais forte e pujante

simplesmente acontece

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Desabafo

por migalhas, em 10.01.25

O escuro toma a luz

Asfixia-lhe a vontade

De assalto espezinha a erva

Num rasto que não deixa saudade

 

Metódico infecta

Em linha recta

Sem olhar a quem

Nos ossos deposita a humidade

Com todo o seu desdém

 

Esse breu informe veste-me

da cabeça aos pés

tudo ao seu redor fenece

quem julgas tu que és?

 

Que se é estado de direito, quero-o esquerdo

Que se é cacofonia, quero uma sinfonia

Que se é morte por asfixia, quero-a por alegria

Que eu quero é ver acontecer

Cansado que estou de dar e nada receber

 

© Copyright Miguel Santos Teixeira (2023)

Começa assim "E por vezes a noite"

por migalhas, em 16.12.24

um

 

Quanto vale a tua escrita? Que peso efectivo pode ela ter

ou deixar de ter numa sociedade em que mesmo os mais básicos

valores se deterioram a um ritmo alucinante, em que a

prioridade é cada vez mais focada em bens de primeira necessidade,

em que o espectro da pobreza, da mendicidade, há

muito assombra cada um, sem olhar a credo ou a raça? Qual o

valor real de uma palavra vinda de ti, de uma frase que aches

brilhante, a todos os níveis intocável? Será que sem aquilo que

dizes e que escreves o mundo pode continuar a avançar? Será

assim tão determinante para o correr dos dias aquilo que tens

para dizer, tudo quanto passas para o papel, sejam ideias, rascunhos,

diálogos? Quem estipula o teu valor? Seja comercial,

seja meramente artístico? E mesmo esse, quem é ele? Que tem

de extraordinário ou por que possui ele essa procuração que

lhe permite avaliar o valor deste ou daquele conteúdo, deste

ou daquele pedaço de escrita? Nessa subjectividade que é analisar,

avaliar, conferir maior ou menor nota a um punhado

de folhas tingidas pelo negro das ideias que nelas se materializaram

e agora se preparam para fazer pela vida ou morrer a

tentar. Um livro será sempre um livro. As letras são as mesmas

para todos, apenas o seu encadeado varia de autor para autor,

de acordo com o enredo, a ideia, o ritmo, o estilo. É essa a

magia da escrita: encantar e surpreender com algo que está ao

alcance de todos. Terá a tua escrita o quanto lhe baste nessa

matéria? Que a teus olhos tem isso e muito mais. Mas não

quererás tu ir mais longe e um dia vires a ingressar nesse restrito

círculo dos que são amados e admirados pelo que escrevem

e o modo como o escrevem?

 

Quem pretender adquirir um exemplar, ou mais, deste meu mais recente mergulho na escrita literária, por favor proceda ao pedido nos comentário. Obrigado e Boas-Festas.

um senhor a abrir o meu livro

por migalhas, em 06.12.24

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