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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Espírito especial

por migalhas, em 18.11.05
Somos de facto estranhos. Podemos andar todos os dias às turras uns com os outros, a refilar com tudo e por tudo, a desdenhar, criticar negativamente, a gozar com este ou com aquele apenas e só por que é mais gordo ou mais magro. Mas chegada a época natalícia, e quem sabe por obra e graça de um santo milagre, eis que mudamos. De um momento para o outro, do dia para a noite, de repente. Mudamos. Como se algures na nossa mente existisse um interruptor que nesta fase apagasse esse negativismo que nos verga e acendesse no seu lugar uma luz de esperança e bondade para com os outros. Tornamo-nos mais pacientes, compreensivos, até mesmo simpáticos. Chega-se mesmo ao ponto de, numa reviravolta fantástica, acordarmos em que aqueles a quem só brindávamos com palavras azedas e de rancor, afinal até são uns porreiros e, quem sabe, até algo mais. O diálogo espontâneo surge numa loja, na rua, numa fila de espera e não se lhe reconhece a fúria, a ira de outras épocas do ano. Definitivamente, algo de inexplicável sucede no período do Natal. De tal forma, que se fossemos visitados nesta altura por estranhos que nunca antes cá tivessem estado, eles iriam achar que não existe no universo povo mais pacífico e bem-intencionado que o nosso. Mas o que será que acontece com o nosso planeta no momento em que se instala esta quadra? Será um pó que os marcianos espalham sobre a nossa atmosfera a caminho das comemorações do seu Natal, com a intenção de nos proporcionar um pouco de paz? Será um automatismo de que nem nos apercebemos mas que, chegada esta época, se despoleta e nos activa o coração, libertando-o do estado congelado em que se encontra a maior parte do tempo? Ou será que em resultado de todos os enfeites, decorações e das próprias prendas, somos alvo de um transe profundo que nos tira do sério e nos liberta em direcção às despreocupações, despertando os nossos sentidos para os assuntos mesmo importantes que, por norma, esquecemos o ano inteiro? Seja qual for a razão, a verdade é que o espírito existe e é único. E saúda-se, sem dúvida que sim. Só é pena que o mesmo não se estenda a todos os 365 ou 366 dias de cada ano, justificando uma vida mais pacífica e de melhor entendimento entre as pessoas. Seria a concretização do Natal ao gosto do homem, como se apraz dizer. Desde que esse homem efectivamente decidisse que o queria 24 horas por dia, 7 dias por semana, e por aí fora. Talvez um dia, quem sabe, ele acorde para aí virado e não seja Natal. E então lhe sinta a falta.

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