Flashes impressionistas
Tem dias, tem noites, tem flashes impressionistas do que poderia ter sido. Abala-se com a intensidade de um poderoso e avassalador furacão e depois queda-se, hirto, sem expressão. Tudo por terra, total desilusão. A mando de quem ou do quê? Ou a mando de nada nem de ninguém, que esta somos nós que comandamos. Julgamos nós, pobres tolos, gente que vai ao engano e de nada desconfia. Sentem-se poderosos, no comando das operações, mas nada é o que realmente aparenta. E de repente pequeninos. Minúsculos, poeiras que à mais leve brisa levantam voo e desaparecem sem deixar qualquer rasto ou vestígio do que foram ou poderiam ter sido. Apenas flashes impressionistas. A força do contacto com a natureza e a vontade de nela aprender a ser. De tentar entender que caminho tomar, para onde rumar. A norte, a sul. Tem dias, tem noites, mas tem sempre flashes impressionistas de tudo o que na realidade nunca o rodeou. Apenas visões. Turvas por vezes, por demais realistas de outras. Move-se mas não sente a liberdade. Preso de mãos e pés, atado, subjugado a uma vontade que não é a sua. Olhos na estrada e de novo os flashes. Como que a encaminhá-lo. Será desta? Irá por fim entender e assim conseguir perceber o que é viver? Vá-se lá saber quem sabe. É aproveitar, é querer, é fazer acontecer, é deixar andar e vê-la por nós passar, a correr. Ser e estar, num uno indissociável, num estado que é o nosso, a cada dia vivo.