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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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À boleia do tempo que nos resta

por migalhas, em 05.04.07
Evidência das evidências é o facto indesmentível de que a vida é curta demais. Não que cada um de nós tenha um documento escrito e assinado pela entidade responsável pelo tempo estimado da nossa presença por estas paragens a definir esse mesmo tempo que nos é concebido ao segundo, nada disso. Mas existe essa noção, todos a têm, de que o tempo não é suficiente. Basta pensar nos filmes, músicas, gravações, fotos tiradas, pedaços de vida arquivados que não mais voltaremos a ver, ouvir, desfrutar. A evolução é tão acelerada, o surgimento de novidades nos mais variados campos é tão sufocante, que não nos deixa margem para voltar atrás e recordar. Uma vez é a vez e que ninguém ouse fundear e por lá ficar. E mesmo que a desculpa seja de um replay, um só que seja, que haja a noção de que assumidamente estamos a perder parte do que é actual, do agora que nos rodeia, controla e consequentemente consome, sem que nada possamos fazer para o impedir. Pois que à vida não se lhe abranda o ritmo. O tempo de que dispomos não nos dá margem para repetir a vida, sob risco sério de nos atrasarmos e a partir de então passarmos a andar desacertados com ela, desfasados. O que faz com que, depois, se torne bem mais complicado apanhar este comboio em clara aceleração, cada vez mais e mais embalado rumo a um destino impossível de prever. Nunca as coisas foram tão vertiginosas, tal e qual uma montanha russa no momento da louca descida. É visível a dificuldade de quem se coloca à margem, ficando à porta do clube da civilização moderna, recusando-se a nele entrar. Dos que assumidamente deixam de acompanhar a par e passo os acontecimentos de cada grupo de 24 horas, esquecendo que hoje tudo se torna obsoleto em escassos dias, senão horas. Não há tempo a perder com o passado ou futuro algum nos pode ser benéfico e acolher nos seus braços, desejando-nos a melhor das sortes. Somos seus escravos, que ninguém duvide. Mesmo os incrédulos, os que teimam em contestar a sua autoridade, são por ele arrastados, numa maré que puxa sempre em demasia e face à qual é impossível resistir. É no alto mar que acabamos, enfrentando ondas, tempestades, calamidades. Uns, primeiro que outros, acabam por sucumbir ao desafio que é manterem-se à tona. Mas todos, todos sem qualquer excepção, acabarão por submergir num momento qualquer da sua epopeia e por lá ficar, nas profundezas de um oceano imenso do qual apenas chegámos a conhecer uma ínfima parte. A tal pontinha do icebergue que nos foi dada a experimentar. Tudo o resto permanece mistério a desvendar, quem sabe numa outra vida. Pois que desta vamos sem noção clara do que era pretendido, do que era suposto fazermos para que as coisas fossem, no mínimo, diferentes. Ou teriam realmente sido destinadas a serem assim?

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