Se eu quisesse
Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo
Bastava atentar no que me rodeia
pois nunca é igual, jamais se repete
como num improviso que involuntariamente
se torna impossível de copiar
Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo
Bastava olhar à minha volta
e cobrir de minúcia cada pormenor que salta à vista
se olhado com olhos perscrutadores de quem busca a verdade
que nunca nos é negada, mas naturalmente oferecida
Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo
Bastava meter conversa com cada pessoa que comigo se cruza
ou sair por aí a viajar e em cada continente as suas gentes indagar
da sua existência me inteirar, dos seus sonhos
de tudo aquilo que ousam almejar
Se eu quisesse, todos os dias descobria algo de novo
Bastava eu querer e a cada nova aurora novo renascer
na mesma marquesa que uma vez me viu acontecer
numa existência reciclada que tudo repõe a zeros,
que desliga para voltar a ligar, num continuado recomeçar
e uma e outra vez me expõe ao mundo meu desconhecido
para nele tudo voltar a descobrir
qual Génesis revisitado
qual incerteza de nada e tudo querer
qual vontade de tudo um dia saber
Se eu quisesse