Tentar, como via de conseguir
Segundo afirmam os que se assumem sabedores, doutores e engenheiros desta vida, vale sempre a pena tentar. Por impossível que possa parecer a tarefa, por enorme que seja a empresa, por desafiante que seja a demanda, vale sempre a pena, quando a alma não é pequena. Mas estará a alma sempre à altura do evento a que se propõe o seu ser corpóreo? Para que, então, valha de facto sempre a pena a ousadia? Ousar, da mesma forma que tentar, é uma aposta que se faz. Se bem que ousar implica algo mais. Algo que se sobrepõe à simples tentativa. Por que esconde por detrás das intenções visíveis algumas invisíveis, ou pelo menos aparentemente enevoadas, traduzidas por um valor acrescentado de irreverência ou de inconformismo que se bate directamente contra os cânones e preconceitos anos a fio enraizados. Contra os moralismos falsos, por norma falsos, que se impõem de apertado espartilho e nos tolhem os movimentos que deveriam ser, tão só, naturais, filhos de um instinto que, com o tempo, tende a morrer, asfixiado, sufocado. É por tudo isto que vale sempre a pena tentar. Mesmo que pareça causa morta à nascença, nada nem ninguém o garante, até o ser efectivamente. Quantas conquistas viveriam hoje apenas em alguns imaginários, se não tivessem sido insistentemente levadas à exaustão por quem nelas acreditava piamente, de alma e coração? É que, entre mortos e feridos, alguém se há-de sempre salvar. E salva, para gáudio de quantos se tentam, quaisquer que sejam os obstáculos. Para isso haja perseverança e muita força de vontade.