Alguém que me esclareça
Expliquem-me a ver se eu entendo.
Dados agora revelados pela Direcção Central de Combate ao Banditismo da Polícia Judiciária, garantem que a criminalidade violenta e organizada em Portugal (onde se incluem os assaltos a dependências bancárias, casas de câmbio, carrinhas de valores, postos de correios e prospectores bancários) aumentou 10,5% no primeiro semestre deste ano, comparativamente a igual período do ano passado. Particularmente em Lisboa e Setúbal, o crescimento foi de 45%. Provado está também que a maioria destes crimes terá sido cometida por estrangeiros, que se encontravam em situação irregular no país, sendo que uma boa parte deles é proveniente da América do Sul. Face a estes dados preocupantes, que medidas é que o nosso primeiro-ministro anuncia? Anuncia, ou melhor, anunciou ontem, quarta-feira, em Brasília, que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) irá conceder autorizações de residência temporárias por 90 dias a 6.500 brasileiros com pedidos de regularização pendentes e que não têm contrato de trabalho. 6.500 Esses que até agora ainda não conseguiram regularizar-se, porque não tinham contratos de trabalho. Assim, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras poderá atribuir autorizações de residência temporárias por um período de três meses, durante o qual os imigrantes terão que arranjar um vínculo laboral. Após conseguirem concretizar o contrato de trabalho, será concedida uma autorização de residência por um ano, período durante o qual deverá então correr o processo de legalização. Mas, se como disse o nosso primeiro, e muito bem, esses 6.500 cidadãos brasileiros não tinham contratos de trabalho porque não estavam legais, como é que se explica que os vão conseguir durante esse período de 3 meses, se mantêm essa mesma situação ilegal? É da minha cabeça ou esta acção de “charme” do nosso primeiro vai seguramente contribuir para novo aumento da criminalidade violenta e organizada em Portugal? Só que, desta feita, com o devido incentivo do nosso brilhante governante, ao propor estas medidas, no mínimo, de uma inteligência e pertinência muito duvidosas. Se calhar sou eu que não estou bem a ver “the all picture”. Se assim for, alguém que me esclareça, por favor. Pois não quero passar por ingrato, face a estas ofertas generosas da parte do governo, que só pensa no nosso bem-estar e na nossa segurança.