Piratas
Quem disse que já não existem piratas? Podem não fazer uso de grandes galeões, constantemente subtraídos às frotas das nações ricas e poderosas, nem usarem aquelas vestes estranhas, a que adicionavam uma pala num dos olhos e, levado ao extremo, uma perna de pau, mas andam por aí, acreditem. E a prová-lo, estão os mais recentes números relativos às actividades que protagonizam à margem da lei e que tão bons resultados lhes vão trazendo para os seus cofres. Números que, por si só, são impressionantes e que se traduzem em 20 mil milhões de downloads ilegais feitos a partir da Internet no ano de 2005. E estes valores dizem apenas respeito à área da música. Dados agora apresentados pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica estimam que um em cada quatro CD vendidos no mundo o ano passado é ilegal. Ou seja, 37% das vendas realizadas nesse período. São os piratas do séc. XXI, que navegam agora noutros mares onde reúnem um saque que só em 2005 custou à indústria musical qualquer coisa como 3 mil milhões de euros. Em países como o Brasil, Rússia, China, Indonésia, México, Espanha (sim, os nuestros hermanos) e mais uns quantos que perfazem cerca de 30, a venda de CD ilegais ultrapassou mesmo os legais. Face a esta realidade, os piratas de antigamente, os genuínos, parecem meninos de coro. Mas os ventos são de mudança e parece que as coisas começam a encarrilar no sentido de prevalecer a lei nesta matéria. Depois do famoso Napster ter aderido à legalidade, é agora a vez do Kazaa fazer o mesmo. A partir de agora é possível contar com este site para downloads legais, depois de os seus responsáveis terem acedido a pagar qualquer coisa como 80 milhões de euros (!!!) a título de compensação por danos e prejuízos causados na sequência dos vários downloads ilegais feitos até à data. Só para se ter uma ideia, este valor corresponde a metade do mercado de downloads legítimos na Europa. Por aqui se vê o quão valioso e importante é este serviço de partilha nos nossos dias, actualmente liderado pelo famoso iTunes da Apple. Será que vamos ouvir novidades em breve de outros sites do género, como o emule ou o limewire? É que pelo rumo que isto está a levar, às tantas mais vale juntarem-se a eles. O mercado discográfico agradece e os músicos também. Quem é que não gosta de ser compensado por aquilo que faz? Para além de que são eles, os músicos, os grandes responsáveis no que toca a alegrar os nossos dias.