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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Presos à leitura

por migalhas, em 14.07.06

Ele há assuntos que, de tão triviais, chegam a provocar bocejo atrás de bocejo. Não é este o caso, nem sei por que toquei no assunto, mas achei que era boa altura para o fazer. Adiante. Consta para aí que uns quantos reclusos de uma certa prisão do estado de Indiana, nos Estados Unidos, andam revoltados com aquilo que dizem ser “uma clara violação dos seus direitos civis”. E tudo por que lhes foi vedado o acesso a revistas de cariz pornográfico, casos da Playboy e da Hustler, com base numa lei que entrou em vigor no passado dia 1 de Julho e que, basicamente, bane revistas pornográficas de estabelecimentos prisionais do estado. Argumentam estes rapazes que a queixa que agora apresentaram ao Departamento de Justiça, é representativa da vontade de mais de 20 mil reclusos de Indiana, que, segundo eles, a assinam por baixo. Uma injustiça, mas, mais do que isso, um incentivo a que se comam uns aos outros lá dentro, à falta de matéria de leitura que os entretenha de outra forma. Mas até nem foi tanto pelo que se disse até aqui, que esta notícia me suscitou a curiosidade. Que é comum a prática de actos homossexuais em prisões ou a preferência por este género de literatura, isso todos sabemos. O que me deixou, de facto, algo surpreso, foi saber que esta lei local, que proíbe ainda a entrada nos estabelecimentos prisionais da zona de cartas com conteúdos explícitos, é igualmente restritiva no que diz respeito, imagine-se, a publicações como a National Geographic! Agora alguém que me explique em que sentido é que esta revista de grande interesse didáctico e cultural, pode integrar o lote das publicações escabrosas anteriormente referenciadas? Só se estão a tentar que os pobres infelizes se percam geograficamente a nível anatómico, de forma a tirar-lhes da ideia qualquer pretensão que possam ter de cariz sexual. É que, fora esta possibilidade, não estou a ver em que sentido a inocente National Geographic pode interferir com este tipo de comportamento por parte dos reclusos. Resta saber que destino a justiça vai dar à liberdade de leitura dos pobres detidos, na esperança que impere o bom senso. Que, pelo menos, lhes permitam as revistas de quadradinhos, próprias da banda desenhada. Pois para além de ser uma leitura que não exige grande esforço mental, traz ainda a vantagem adicional de perpetuar nos rapazes o hábito de continuarem a ver a vida nesse formato tão do seu agrado.  

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