Felizes da vida
Enquanto as grandes potências mundiais, os chamados tubarões, se focam essencialmente no crescimento industrial, no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), na escalada desenfreada da competitividade face aos demais gigantes, eis que surge agora um exemplo que dá que pensar e, quem sabe, ponha algumas dessas nações a reequacionar certas prioridades para o futuro. O modelo vem do Butão, um reino minúsculo doss Himalaia, que decidiu dedicar-se a uma outra vertente bem mais saudável de crescimento: o da sua Felicidade Nacional Bruta (FNB). O PIB do Butão é somente de 500 milhões de dólares, quase nove mil vezes inferior ao do Japão, por exemplo, mas nada que os preocupe por aí além. À cabeça das suas prioridades está aquela que deveria ser a causa mais comum e natural em cada canto do mundo: a felicidade individual de cada cidadão. Tendo em conta quatro factores base - o desenvolvimento socioeconómico duradouro e equitativo, a preservação do meio ambiente, a conservação e promoção da cultura e a prática de bons governos -, este modelo de desenvolvimento visa ser o oposto daqueles a que se assiste em grande parte do mundo civilizado e que, infelizmente, se reflecte tão só numa divisão clara entre nações ricas e nações pobres. Para os governantes do Butão, nada disso interessa. Interessa sim que os seus habitantes sejam felizes, vivam de forma saudável e que cada uma das suas crianças atribua às questões do meio ambiente a importância de que elas realmente carecem. Porque é na preservação da natureza que tudo deve ser apostado, sob risco de, muito em breve, não sobrar nada do pulmão que nos fornece o ar que ainda respiramos. O Butão pode ser de facto pequeno em área, em população, no próprio PIB. Mas no que concerne às preocupações ambientais, ao bem-estar do ser humano, à ideologia que defende, são de facto gigantes. Bem mais gigantes do que todos aqueles que assim se afirmam, baseados exclusivamente no poder do dinheiro e de todas as riquezas materialistas que apenas conduzem a um cada vez maior abismo entre ricos e pobres, entre luxo e miséria, entre excessos e carências básicas. Ponham os olhos nesta conduta e aprendam. Porque a vida é essencialmente felicidade, acima de qualquer outra coisa.