Há vida depois do Euro?
por migalhas, em 15.07.04
Agora que acabou o Euro do nosso (des)contentamento, são muitas as pessoas que vêem a sua vida preenchida por um enorme vazio. Falo por mim que, desde então, não consigo dar um rumo à minha vida. Deixei de saber o que fazer com os animados fins de tarde princípios de noite, com as valentes bebedeiras que se seguiam a cada novo triunfo da nossa selecção ou mesmo com as inúmeras bandeiras que adquiri, ou com as muitas camisolas com as cores nacionais que, orgulhosamente, envergava em cada novo jogo. Dou comigo a buzinar como louco na estrada a qualquer hora da noite ou do dia e a berrar a plenos pulmões por "Portugal, Portugal". Os meus amigos já tentaram fazer-me entender que a vida continua e que devo voltar ao emprego pois, segundo eles, corro o risco de o perder. Coisa que eu não acredito, pois o senhor Matias, o patrão, também torcia por Portugal com o mesmo entusiasmo com que eu o fazia. Ele vai compreender, tenho a certeza. Ainda assim, o que me vai valendo nestes dias mais tristes é o vídeogravador. Que grande invenção! Permitiu-me gravar todos os jogos da competição e agora não há dia em que, pontualmente às 19h45m, não me sente em frente ao televisor para rever aqueles grandes momentos. A casa é que está a precisar de uma arrumadela, pois já nem os telecomandos consigo encontrar no meio de tantas garrafas de cerveja e cascas de tremoços e de pevides. E a culpa é da Manela, a minha patroa. Que não aguentou a nossa derrota na final e fugiu de casa com um adepto do Burkina Faso. Mas ela há-de voltar. Assim que descobrir que esses gajos nunca participaram num campeonato da Europa de futebol, vai-me suplicar para que a receba de volta. Mas até lá, tenho outros planos. Entre um jogo gravado e outro, vou até à praia de bandeira de Portugal debaixo do braço e estendo-me à torreira do sol. Sim, porque se toda a gente usasse agora como toalhas de praia as bandeiras que compraram aquando do Euro, talvez o país se pintasse de novo com as nossas cores. Até porque vêm aí as Olimpíadas e a selecção de todos nós vai voltar a precisar do nosso apoio incondicional. É que, desta vez, somos nós que vamos à Grécia ganhar os Jogos Olímpicos. Força Portugal! Eu estou contigo.