Tempo de ser eu
por migalhas, em 15.08.04
Vive em mim um grito mudoQue a soltar-se acordaria o mundo
Uma dor continuada comprime o meu peito
Quebra-me a vontade, sinto-me sufocar
Se subisse à mais alta montanha
E perto do céu me confessasse
Seria eu merecedor de perdão?
Ou para sempre viveria preso a essa ilusão?
Quero soltar-me, quebrar os elos
Que me mantêm acorrentado a este meu fado
As forças faltam-me, a mente esmorece
E abandonado ao meu destino
Sinto-me perdido, nada acontece
Àvida de surpresas
A vida encarrega-se de as proporcionar
São muitos os golpes de teatro
Que durante este percurso temos de protagonizar
Cada cena, cada acto
Não tem direito a ensaio
Subimos ao palco e improvisamos
Na esperança de que o desenlace final
Seja aquele que tanto desejamos
É isto a que chamam vida?
É esta a missão que nos está reservada?
Então não quero, recuso
Escolho fugir, subo a parada
Porque se é para ser reprimido, oprimido
que o seja, sim
Mas sem sair ferido
Largo tudo, corro veloz contra o vento
Nada me pode parar agora
que sei qual é o meu destino, aquele que anseio num abraço
e que já não me deixa separar daquilo que faço
era bom, não era?
Poder rasgar o peito e cá para fora soltar
Tudo o que invalida que sejamos realmente nós.
Não adianta chorar
Nem sequer nisso pensar
Ser forte é o que nos resta ser
E levar da vida apenas o melhor
Isso ninguém me pode negar
Isso ninguém me vai tirar.