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Suicidas pela vida

por migalhas, em 22.10.04
Na mesa do comandante supremo daquele grupo de soldados estava o plano de ataque. Um plano simples, baseado numa estratégia de incursão rápida através das linhas inimigas, tomando de assalto o seu muito desejado reduto. Para tal, o comandante contava com uma poderosa força de 400 milhões de soldados, de que tinha inteira liberdade para dispor consoante as contingências do ataque. Experimentado neste tipo de combate, muitas haviam sido as batalhas já travadas e por isso sabia que, conforme as condições, poderia necessitar de uma força mais ou menos numerosa. Interiorizado cada passo do plano, restava aguardar pelo momento ideal para o concretizar. Constantemente a postos e prontos a entrarem em acção ao mais pequeno sinal de actividade dado pelos soldados em missão de vigia, os destemidos combatentes viviam as horas mais difíceis. As da espera, da ansiedade que antecede os grandes momentos, o confronto directo com o seu opositor. Desta vez, no entanto, a espera não foi prolongada. Um grito de alerta despertou para a realidade cada um dos 400 milhões de soldados prontos a entrar em cena. Sentia-se o fervilhar de actividade no terreno, a cadência ritmada das movimentações nervosas, a respiração mais e mais ofegante, a ânsia pelo momento alto em que a adrenalina sobe e o êxtase é total. À ordem de ataque, os soldados saíram faseados em grupos, atingindo uma velocidade de 45 quilómetros por hora nas suas rápidas investidas. A cada nova ordem, novo grupo de destemidos invasores protagonizava nova ofensiva no terreno. Uma vez do lado de lá da barricada, procede-se ao previamente planeado. De forma a dar cobertura à força de intervenção directa, cujo único propósito é o de atingir o seu oponente directo, dois grupos específicos entram em acção. São os "suicidas". Força de elite treinada para a execução de duas tarefas de extrema importância aquando da ofensiva. A primeira, dedica-se a exterminar possíveis invasores que antes deles ali tivessem estado e que por lá ainda se mantivessem. A segunda, opera como barreira ou bloco capaz de impedir a entrada posterior de outros como eles que, a mando de outras facções militares, planeiem vir a atacar aquele mesmo alvo. Em resumo, devem eliminar quem já lá esteve ou quem lá venha a estar, de forma a garantir o sucesso em exclusivo da sua manobra. Estabelecido o perímetro e definidas as acções específicas de cada elemento, resta esperar pelo cumprimento da missão, para tal o alvo tenha sido devidamente atingido e tomado. Muitos tombarão nesta ofensiva, a grande maioria mesmo. Apenas um ou dois será bem sucedido e vingará o esforço empreendido por todos os seus camaradas de luta. Mas uma vez consumada, terá valido todo o esforço efectuado em conjunto. E nove meses depois, mais coisa, menos coisa, será finalmente visível aos olhos do mundo o resultado final desta batalha que todos os dias se trava um pouco por todo o lado. A batalha pela vida, pela geração de um novo ser.

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