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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Nova etapa

por migalhas, em 23.02.06
Hoje despeço-me dos trinta. Foi uma década de muitas experiências, muitas vivências, imensas aprendizagens e transformações, que me tornaram naquilo que sou hoje. Tudo teve a sua importância, a sua influência. Cada segundo, cada minuto, cada dia, foram determinantes, numa bola de neve que vem vindo sempre a crescer e, até à data, se mostra imparável. Foi com trinta que casei, foi com trinta que tive uma filha, foi com trinta que cresci como pessoa, ganhei mais maturidade, e aqui vim desembocar. Mas como a vida não pára, sigo agora rumo ao próximo desafio: os quarenta. Amanhã tudo terá ficado definitivamente para trás. Tudo passará a fazer parte apenas das memórias, das lembranças a que recorrei com saudade de cada vez que delas necessitar para ganhar novo alento. Preparo-me para enfrentar o desconhecido. Algo de que, até agora, apenas ouvi falar. Não espero grandes mudanças logo nos primeiros tempos, mas sei que as irei encontrar ao longo de um extenso caminho que levará uma década a percorrer. Não sei se o percorrerei até ao fim, nem aquilo com que contar, mas tenho esperança de que será uma viagem mais calma, mais sensata, mais ponderada, menos atribulada, mas sempre entusiasmante e repleta de novas descobertas. Pois só assim concebo cada nova aurora, numa contagem que será sempre a soma de mil sensações, de mil desejos, de infindáveis prazeres. Sinto-me à beira de uma enorme floresta cerrada, minúsculo perante as gigantescas árvores que se perdem de vista nos céus que escondem de quem ouse aventurar-se por entre elas. Sinto-me a instantes de começar uma nova etapa, de dar o primeiro passo, como o que pela primeira vez dei há muitos, muitos anos atrás. Impotente face ao que irei encontrar do lado de lá, no momento em que penetre esse espaço ainda por explorar. Com que monstros me irei deparar? Ou novas sensações irei experimentar? Levo comigo a experiência e a sabedoria acumuladas, mas também a curiosidade, a incerteza. Levo tudo aquilo que ganhei em trinta anos e que julgava ser muito, ou pelo menos o suficiente. Só que agora, nos instantes que antecedem esta nova partida, tudo parece transformado em nada. Vejo-me subitamente despido do que tinha, ou julgava ter, para vir a ser bem sucedido. Desarmado tão nas vésperas de enfrentar esta nova etapa da minha vida, questiono-me e não encontro respostas. Lá mais para diante, como até aqui, certamente. Vivendo um dia de cada vez e retendo o que me for sendo oferecido. Depois logo se vê. Agora vou, com a única certeza que, de momento, se me apresenta: de que, amanhã, já terei atravessado a linha que me mantinha para cá da floresta cerrada. Que mesmo receoso, duvidoso ou ignorante, terei dado início a uma nova jornada na minha vida. Para o bem ou para o mal.