na ausência
por migalhas, em 04.04.16
é quando tudo se silencia
se omite na ausência de luz
se reduz a uma fina linha
ténue até na sua invisibilidade
que o sonho se escapa e me trai
me anuncia aos ventos e revela quem eu sou
que eu sou assim
irrelevante, micro como o cosmos
sem nada mais que esta pele e esta farpela gasta e suja
como as mãos, como o olhar
que já nada vislumbra adiante Senão a invisibilidade ténue da fina linha que me separa dessa outra existência
que há para lá?
sedutora tristeza que me arranca pedaços e os atira às feras
chagas e mais chagas
eu verto sangue e ele verte-me a mim
eu que nunca realmente aqui estive
agora vou, na ausência do que nunca fui ou serei
sem mais
apenas pó, apenas cinzas
© Copyright Migalhas (100NEXUS_2016)