O Nobel da Literatura 2014 em pt
O Nobel da Literatura 2014 publicado em Portugal:
«O Horizonte»
«Jean Bosmans, um homem frágil perseguido pelo fantasma da mãe, recorda a sua juventude e as pessoas que entretanto perdeu. Sobretudo a enigmática Margaret Le Coz, a jovem mulher por quem se apaixonou nos já longínquos anos 60 e que um dia misteriosamente desapareceu. Quarenta anos depois, Bosmans parte à procura desse amor que a memória teimosamente conservou»
«No Café da Juventude Perdida»
Paris, anos 60. No café Condé reúnem-se poetas malditos, futuros situacionistas e estudantes. À nostalgia que impregna aquelas paredes junta-se um enigma personificado numa mulher: todas as personagens e histórias confluem na misteriosa Louki. Quatro homens contam-nos os seus encontros e desencontros com a filha de uma empregada do Molin-Rouge. Para quase todos eles, ela encarna o inalcançável objecto de desejo. Louki, tal como todos os boémios que vagueiam por uma Paris espectral, é uma personagem sem raízes, que inventa identidades e luta por construir um presente perpétuo. Modiano recria em redor da fascinante e comovente personagem desta mulher a Paris da sua juventude, enquanto constrói um maravilhoso romance sobre o poder da memória e a busca da identidade.
«Na Rua das Lojas Escuras»
Este foi o primeiro romance de Patrick Modiano e mereceu edição em Portugal no ano de 1987 pela Relógio D’Água, tendo sido traduzido por Ana Luísa Faria e Miguel Serras Pereira. A obra recebeu o Prémio Goncourt em 1978.
«Deu-se então em mim uma espécie de estalido. O panorama que se avistava daquele quarto provocava-me um sentimento de inquietação, uma apreensão que eu já conhecera. Aquelas fachadas, aquela rua deserta, aquelas silhuetas de sentinela no crepúsculo perturbavam-me à maneira insidiosa de um perfume ou de uma canção outrora familiares. E tive a certeza de que muitas vezes, àquela mesma hora, ficava ali, imóvel, à espreita, sem fazer o mínimo gesto, sem ousar sequer acender a luz. Quando tornei a entrar na sala, julguei que já não havia lá ninguém, mas afinal estava a dona da casa estendida no banco de veludo. Dormia. Aproximei-me silenciosamente e sentei-me na outra ponta do banco. Uma bandeja com um bule e duas chávenas, no meio do tapete de lã branca. Tossi um pouco. Ela não acordou. Então, deitei chá nas duas chávenas. Estava frio.»