o mundo mexe-se lá fora e eu aqui por casa
neste falso estado que nunca mais se repetirá, jamais
tudo se move e o universo congemina
em tudo menos no meu futuro
que não existe, que não é sequer contabilizado
qual poeira num cosmos que se alimenta de tudo o resto que não eu
migalha, bactéria, ser desprezível e neste estado desprezado
o mundo mexe-se sem mim, que eu não pertenço a este estado
ele é tudo e eu nada
ele é rei, senhor
eu apenas parte da dor que me inflige
por nem sequer me contabilizar
nas suas contas que apontam a um futuro que nem ele conhece
suportado em acontecimentos e eventos que são apenas uma só vez
jamais repetidos, quanto muito lembrados
que para isso eu teria de cá ter estado
eu que nada sou
nem mesmo matéria de que haja memória
escassa lembrança, coisa notória.
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