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100Nexus

TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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palavrear a imagem

por migalhas, em 30.11.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ao que rezas tu, pequena criatura?

porque rezas tu?

com tamanha entrega, assim submisso.

conheces tu as orações?

e sabes como as pronunciar?

que invocas tu? que imploras?

e a quem?

conheces tu quem te possa auxiliar?

quem te ceda as doses certas de compaixão?

assim dessa forma

em resposta a uma simples oração?

vai brincar, criança, vai

deixa as preces para os teus pais

preocupa-te apenas em crescer

em seres mais, sempre melhor

olhar ao teu redor e o mundo ver

e sorri-lhe

dá-lhe graça, a tua graça

dá-lhe inocência, a tua inocência

dá-lhe felicidade, a tua felicidade

e gratidão precipitar-se-á

nos céus amor ribombará

e de compreensão o firmamento iluminar-se-á

então não mais a um deus dará

sem preces ou pedidos de perdão

porque tudo está, de facto, nessa tua pequena mão

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

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* palavrear - Conjugar

v. tr. e intr.
1. Usar de palavreado.
2. Falar muito e sem nexo.

o que ando a ler

por migalhas, em 25.11.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No início o leitor encontra-se em pleno Século XVI, em Visegrad, cidade na fronteira entre a Sérvia e a Bósnia. Mehmed-Paxá, Grão-vizir, sonha ainda com o dia em que, criança, foi separado da sua família cristã, obrigado a atravessar para a outra margem do rio. É essa criança que agora, décadas depois, convertido à fé do Islão, dá a ordem de construção de uma ponte sobre o rio Drina. Esta é a história épica dessa ponte, e também a dos seus habitantes. A sua edificação exigiu anos de trabalho árduo, lágrimas e sangue, sacrifícios e vítimas. Ao longo dos séculos a ponte foi local de passagem, de encontros, de conversas, de conspirações; sofreu inundações, foi encerrada para impedir o alastrar da peste, assistiu a suicídios; sobre ela transitaram exércitos em fuga e desfilaram outros vitoriosos; nela foram executados espiões, viu o desmoronar de Impérios, e o nascer de novas nações...

 

Romance histórico, grande épico europeu, «A Ponte sobre o Drina» pertence à categoria das obras incontornáveis da literatura mundial.

inédito de Bolaño em HTML5

por migalhas, em 23.11.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A edição da revista Granta 117: Horror, publicada este Outono, oferece-nos inéditos de nomes grandes da literatura mundial, entre ele Paul Auster, Stephen King, Don DeLillo e um surpreendente "The Colonel’s Son" da autoria de Roberto Bolaño. Este último ganha vida em Nothingbutamovie.com uma animação em formato HTML5 realizada pelo ilustrador da revista Granta Owen Freeman e pelos inovadores web designers da Jocabola, os quais colaboraram na concepção de "The Wilderness Downtown" dos Arcade Fire.

 

Fonte: http://www.granta.com/Online-Only/Nothing-But-A-Movie

Poema à boca fechada

por migalhas, em 16.11.11

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago
(16/11/1922-18/6/2010)

palíndromo

por migalhas, em 11.11.11

no momento único em que se conjugarem 12 vezes o 11

no instante em que olhado o relógio sobre ele se leiam 11 segundos passados sobre os 11 minutos das 11 horas

deste dia 11 do mês 11 do ano (20)11

seja da direita para a esquerda

seja da esquerda para a direita

esta sequência de unidades ganha a mesma leitura

e um palíndromo se formará

breve, fugaz como esse exclusivo segundo 11

que só abraçado aos seus iguais pode originar coisas tais

como esta raridade em que 12 são as vezes que se repete o mesmo dígito

nessa fracção que nem um piscar de olhos consegue reproduzir

mas olhada com tamanho misticismo

e doses doentias de superstições patetas

de um fim do mundo, sempre ele

ou de muita sorte, que é feito dela?

ou de um simples olhar apenas atento ao momento

que o próximo, assim raro, místico ou supersticioso

assim de 12 dígitos gémeos

assim de tantos 11 seguidos e por igual lidos

só daqui por 100 anos

2111 d.c. estarão então decorridos

aqui, ou em qualquer outro lugar

talvez longe demais

para de novo se poder testemunhar

 

reflexão de migalhas (100NEXUS_2011)

pérola

por migalhas, em 02.11.11

"O amor é fome de outra vida, desejo de transitar. Quando dois amantes se abraçam e beijam, entredevoram-se, morrem um no outro, de algum modo, e transitam para um novo ser. A vida não pode ficar em nós, a repetir-se, que repetir é estar parado, é ocupar o mesmo lugar."

 

Teixeira de Pascoaes (1877 - 1952)

pérolas

por migalhas, em 02.11.11

"Nascer é forçar a tampa dum sepulcro. A palavra Mãe significa terra. O corpo da mulher é mais feito de terra que o do homem. O homem é pedra e fogo, incandescência solar, espectro a arder."

 

"Todo o homem tem o seu medo que o dirige, a quem obedece. O medo à morte faz o herói."

 

"A vida é uma vitória constante. Cada minuto de vida é preciso arrancá-lo às mãos da morte."

 

Teixeira de Pascoaes (1877 - 1952)