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100Nexus

TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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és tu ou tono?

por migalhas, em 23.09.11

és tu ou tono?

chegas por que segues ordens do calendário ou tono?

trazes contigo a paixão de um tempo de transição ou tono?

vens tu preparado para esta estada ou tono?

trazes contigo a missão bem estudada ou tono?

 

sejas aquele que te apresentares, que sejas a ponte para mais adiante chegarmos

que sejas tempo e tono que convença à mudança

que nos traga a inspiração mesmo que em cinzento

mas que nos sejas sustento de um amanhã mais a contento

para que sejamos mais nós

e tu mesmo, outono

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

Prémio da Crítica Literária 2011

por migalhas, em 21.09.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 2004, com a morte da mulher, Iván, um aspirante a escritor, relembra um episódio que lhe aconteceu em 1977, quando conheceu um homem enigmático que passeava pela praia acompanhado de dois galgos russos. Após vários encontros, «o homem que gostava de cães» começou a confidenciar-lhe relatos singulares sobre o assassino de Trótski, Ramón Mercader, de quem conhecia pormenores muito íntimos. Graças a essas confidências, Iván irá reconstituir a trajetória de Liev Davídovitch Bronstein, mais conhecido por Trótski, e de Ramón Mercader, e de como se tornaram em vítima e verdugo de um dos crimes mais reveladores do século XX.

Através de uma escrita poderosa sobre duas testemunhas ambíguas e convincentes, Leonardo Padura traça um retrato histórico das consequências da mentira ideológica e do seu poder destrutivo sobre a utopia mais importante do século XX.

 

a notícia desenvolvida pode ser lida aqui: http://www.lavanguardia.com/libros/20110920/54218942021/padura-obtiene-el-premio-de-la-critica-con-una-obra-sobre-trotsky.html

Quo vadis?

por migalhas, em 20.09.11

O dia aproxima-se e eu dele abeiro-me com enorme cautela.

Fixo-me no chão que piso e do interior deste invólucro que me separa de tudo o que me é exterior, olho esse mesmo exterior com todo o cuidado. Presto-lhe a máxima atenção que me é permitida, enquanto na minha mente revolta tudo se questiona com uma única certeza, a de que estou vivo. Mas estarei mesmo? Ou é este o estado de morte, que antes essa que a sorte de nada saber. Focado nesse outro lado, para lá desta capa que veste da cabeça aos pés, questiono-me sobre cada parcela com que me brinda. O porquê desta luz, da sua intensidade e quem ou o quê a propicia? Por que sou mais desperto quando ela se instala? Por que chega a cada canto e o expõe como ele é, por mais recôndito e escondido que seja? Por que beneficia desta intensidade que depois distribui e faz chegar a tudo e a todos, proporcionando a tudo e a todos um estado de alerta, de actividade, de acção, que não se encontram na sua ausência? E tanto mais que o dia tem, dessa estranheza que o embeleza mas que o torna medonho também.

E depois instala-se a escuridão. A ausência daquela luz que antes se impôs e passadas umas quantas horas se demite de funções, delegando a parcela seguinte de tempo a este seu oposto, seu diferente como a noite o é do dia. E uma outra vez cá de dentro volto a olhar tudo o que me rodeia e tudo volta a ser questionado, a ser posto em causa, pois que tudo é antagónico desse antes ainda recente.

E a procura de respostas regressa, a incessante busca por razões que sejam sustento deste andar cambaleante de quem nunca sabe como, onde, quando, porquê. Que não é alheamento, desinteresse, antes um cansaço que se apodera de quem não se acomoda com aquilo que nos é imposto e garantido como correcto, quando nada o é, pelo menos a meus olhos. Numa eterna demanda por este Graal de todos os tempos, o querer saber por que corre o vento para diante e com ele o tempo, por que não há regresso desta viagem, por que é este o cenário e não outro, por que é indesmentível a morte e por que se avoluma ela com a idade, por que não gozamos da eternidade e nela satisfazemos os tantos porquês que nos atormentam cada segundo da nossa insignificante, ofegante e vazia existência.

Por que o dia traz por companhia o sol, por que a noite se faz acompanhar da lua, por que me perfiz neste rochedo quando existem incontáveis pairando suspensos por todo este universo de que não conhecemos uma ínfima parcela?

Acordado, vivo em permanente espanto, em continuada surpresa, em constante sobressalto, pois que cada evento se reveste de uma opaca incerteza, de uma estranheza que me consome até ao tutano. Há quem julgue que sabe, garantidamente sabe, afirmando convictamente que é assim por que coisa e tal, assim está provado, por dois mais dois que é um redondo quatro. Mas o que é isso do dois e isso do quatro e isso do mais? E eu deixo-os gozarem dessa sua presunção de quem julga, melhor, assume, que tudo sabe, pois que tudo tem explicação, já definida ou à qual facilmente se chega por via dessa outra coisa, também ela por nós inventada, a que chamámos de lógica.

Que eu prefiro a insegurança de um estado que apenas se supõe ou na nossa cabeça se imagina, à falsa segurança de um outro em que tudo, ou quase tudo, repousa instável numa crença periclitante, ao sabor de uma maré que consoante a intensidade tudo apaga ou deixa a nu, repondo a zeros o que se queria já embalado a cem ou a mil.

E assim me recolho eu, para me deitar dessa incerteza acompanhado. Que só ela me agasalha, me aconchega, me segreda que toda a vida é uma eterna noite, onde tudo o que julgamos saber se encontra guardado no escuro e aí se esconde de nós, ignorantes marionetas que nem sabemos ao que andamos, quem somos, para onde vamos.

E por isso a oração, a apelar a um deus que desconhecemos mas em que cremos que nos irá defender de tudo o que não entendemos.

Cerro as pálpebras e sonho que um dia irei ver o mundo que me cerca com a legendagem de quem não lhe entende o idioma, pois que sempre me fala numa língua que não a minha, que não a de ninguém que nele habita, sabe-se lá porquê, às tantas nem ele sabe, e tudo isto é afinal uma imensa coincidência apenas por que tem ou tinha de ser, vá-se lá saber.

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

era outubro

por migalhas, em 16.09.11

"Era Outubro, para lá de meio, e o sol queimava como nem em Agosto último. O planeta a dar provas de que passava, também ele, por mudanças? Que na vida de Marta, mais do que reais, eram também elas, as mudanças, a razão da sua renúncia a tudo o que fora até então, a tudo o que fizera até então, para rumar a uma nova vida, a uma nova etapa da sua existência. Metera-se no seu velho carro, um Opel Comodore a necessitar de urgentes atenções, e fizera-se à estrada, sem rumo ou plano definido, apenas com o objectivo de tudo esquecer, esperançada de que esse mesmo tudo a esquecesse a ela também. As janelas abertas deixavam entrar um vento quente, sufocante, como nem em Agosto último. O cabelo toldava-lhe a visão a espaços, mas nem mesmo isso refreava nela o ímpeto com que parecia querer acelerar a fuga ao passado, tal a pressão que o seu pé direito incutia ao pedal do velho Comodore. As roupas que trazia no corpo, escassas, tal o calor, as suas poupanças de alguns meses, igualmente escassas, uma sacola com uns pertences típicos de mulher e pouco mais, era quanto tinha reunido na pressa de se fazer ao asfalto, o mesmo que lhe fazia companhia naquela sua partida, aos olhos de muitos, precipitada. Não sabia ao que ia, mas ia, determinada e sem qualquer vontade de olhar para trás. (...)"

 

para a leitura integral deste meu conto "Era Outubro", visitem a edição nº 3 da REVISTA-ME na morada http://issuu.com/Edita-Me/docs/revista-me_n03_-_issuu/1 e procurem pela página 125 da mesma. encontram lá o meio e o fim, do que aqui teve início. espero que gostem.

a par

por migalhas, em 14.09.11

esquecido o açúcar num bolo, quem o come, senão um tolo?

não leva o pão fermento a contento e torna-se coisa que nem se vê.

falha o sal na sopa e quem lhe deita a colher?

não temperada a salada, passa à frente, é ignorada.

 

que tudo vive dos ingredientes certos ou daqueles a que nos acostumamos.

por isso eles são essenciais, mesmo que apenas notados quando ausentes.

que a vida é isso mesmo, é o ritmo, é o hábito, é a sequência de quanto nos preenche e satisfaz, mas de que facilmente nos esquecemos, pois que sempre lá.

 

não que a soma dos anos pese pelos números que já comporta, não.

conta antes o peso do que me são na carne, na formação, na experiência, na vivência, por via de passados a teu lado.

que eu não esqueço a falta, mesmo que por vezes pareça.

 

amanhã é um novo dia e com ele mais uma viagem.

no seu dorso, tu e eu, a par, tecendo as malhas desta nossa vida,

a única que concebo assim, completa, preenchida.

 

inédito de migalhas (100NEXUS_2011)

revista-me, nº 3

por migalhas, em 09.09.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REVISTA-ME é um projecto de publicação digital em formato pdf e "read online" da autoria da editora Edita-me, que se pretende livre, despretensioso e criado com o objectivo de fazer chegar de forma mais expedita “o trabalho” dos autores e colaboradores da editora a outros públicos, despertando neles o interesse e a curiosidade para as suas obras. este 3 é para mim um número especial, pois dá início à minha colaboração no projecto, a qual, espero, seja duradoura e proveitosa. leiam pois aqui http://issuu.com/Edita-Me/docs/revista-me_n03_-_issuu/1 esta sua terceira edição e, a páginas tantas (a 125, mais concretamente), deparem-se com o meu conto "Era Outubro". espero que gostem. por mim, e como sempre, foi um prazer.

o senhor que se segue

por migalhas, em 04.09.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Nas Trevas Exteriores" é uma fábula da autoria do escritor norte-americano Cormac McCarthy, lançada agora, em Portugal, pela editora Relógio D' Água.

A obra escrita em 1968, foi o segundo romance de McCarthy e é uma incursão no universo estranho e apocalíptico que o autor retomou depois em "A Estrada". No centro da narrativa uma mulher que tem um filho do seu irmão e o bebé é deixado na floresta.

Ao descobrir a mentira do irmão, ela parte sozinha em busca do seu filho. Ambos os irmãos vagueiam então, separadamente, pelos campos e são aterrorizados por três estranhos.

a rentrée literária

por migalhas, em 02.09.11

Novos livros de Philip Roth, Murakami e Umberto Eco editados em Portugal até final do ano

Os mais recentes romances do norte-americano Philip Roth, do argentino Ricardo Piglia e do francês Michel Houellebecq, bem como obras dos catalães Eduardo Mendoza e Josep Pla, e ainda livros de Umberto Eco e Murakami são algumas das novidades da rentrée de literatura estrangeira.

 

 

O destaque das novidades de ficção na Dom Quixote vai para Némesis, o mais recente romance do norte-americano Philip Roth, autor vencedor do Booker 2011 e eterno candidato ao Nobel, que será publicado em novembro.

Némesis é a história de Buck Cantor, o monitor de um recinto de jogos, lançador do dardo e halterofilista de 23 anos, que trava uma guerra pessoal contra a epidemia de poliomielite que atinge alguns dos jovens a seu cargo.

Ao contá-la, Roth conduz os leitores “pelo itinerário meticuloso das emoções que semelhante epidemia pode gerar: o medo, o pânico, a revolta, a incredulidade, o sofrimento e a dor”, indica a editora.

Outros títulos da rentrée da Dom Quixote são, em outubro, O Filho do Desconhecido, de Allan Hollinghurst, nomeado para o Booker 2011, e, já em setembro, A Grande Casa, de Nicole Krauss, e A Bofetada, de Christos Tsiolkas, romance vencedor do Commonwealth Prize e nomeado para o Man Booker Prize que está a ser adaptado para uma série de televisão e cuja história parte precisamente da bofetada que um homem dá a uma criança de três anos durante um encontro de amigos – um ato isolado que irá repercutir-se nas vidas das oito pessoas que dele foram testemunhas.

Na Teorema, sairá em novembro Alvo Nocturno, do argentino Ricardo Piglia, que foi considerado um dos melhores livros de 2010 em Espanha.

Na Objectiva, um dos destaques é O Mapa e o Território, o mais recente romance do "enfant terrible" da literatura francesa, Michel Houellebecq, que lhe valeu no ano passado o prémio Goncourt.

Segue-se, em outubro, Rixa de Gatos, mais um título do catalão Eduardo Mendoza, Prémio Planeta 2010, cuja obra completa está a ser publicada em Portugal pela Sextante.

A Viagem de Autocarro, de Josep Pla – escritor primordial da cultura catalã - é o novo título da coleção de literatura de viagens dirigida pelo jornalista Carlos Vaz Marques, segundo quem este livro “pode ser considerado o paradigma daquilo com que Pla nos faz sorrir a cada passo: ao longo de cem quilómetros de poesia e humor, ele conduz-nos através de uma deliciosa espontaneidade, mas que não exclui as reflexões mais profundas”.

A Ahab propõe, já em setembro, o livro de contos Uma Vasta e Deserta Paisagem, de Kjell Askildsen, uma obra distinguida com o Prémio da Crítica Norueguesa, que apresenta aos leitores, com ironia e humor negro, personagens solitárias que se movem num mundo de sentimentos emudecidos e tensões latentes.

Seguem-se, em outubro, Postais de Inverno, de Ann Beattie, e A Visita do Médico Real, de Per Olov Enquist, considerado um dos melhores autores suecos contemporâneos. Trata-se de um romance que lhe valeu três prémios (August Prize, Independent Foreign Prize e Prix du Meilleur Livre Étranger).

Da Eucleia, chega este mês às livrarias o romance Não Humano, do japonês Osamu Dazai, um best-seller no Japão, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos.

Em outubro, esta nova editora publicará Necrópole, um romance do colombiano Santiago Gamboa que foi prémio internacional La Otra Orilla, A Arte de Chorar em Coro, do dinamarquês Erling Jepsen, um romance já adaptado ao cinema, e Quanto mais depressa ando, mais pequena sou, da norueguesa Kjersti Annesdatter Skomvsvold, um romance que lhe valeu o prémio Tarjei Vesaas para primeira obra.

O Clube do Autor publica na rentrée A Livraria, o segundo romance da escritora britânica Penelope Fitzgerald, finalista do Booker Prize, que conta a história de Florence Green, uma viúva que em 1959 investe uma pequena herança que recebeu para abrir uma livraria numa casa com fama de ser assombrada na vila costeira de Hardborough e aí desencadeia “um terramoto” ao colocar à venda o romance Lolita, de Vladimir Nabokov.

A Gradiva publicará, do italiano Umberto Eco, o ensaio Construir o Inimigo, bem como uma nova versão do romance O Nome da Rosa, obra que o celebrizou internacionalmente, e ainda O Haiku das Palavras Perdidas, de Andrés Pascual, e Nagasaqui, de Eric Faye.

Na Casa das Letras, será editado, em novembro, o primeiro de três volumes do mais recente romance de Haruki Murakami, 1Q84, ficando os outros dois para 2012.

A Quetzal propõe, para esta rentrée, Ravelstein, de Saul Bellow, e O Segundo Avião, ensaio de Martin Amis – dois autores cuja obra completa está a publicar, e ainda, em outubro, A Curva do Rio, o romance de estreia do Nobel da Literatura 2001, V.S. Naipaul, com que inicia também a edição da obra do autor.

LUSA