nada avança
saídos dos 12 deste 10
e já lá vai uma década
um desfile de 10 vezes 365/366 amontoados de tantas coisas que rolam sempre adiante numa passadeira rolante
e ainda agora imaginava como seria, por via de séries como o “espaço 1999” ou de filmes como “2001, uma odisseia no espaço”
onde tudo parecia tão longínquo
tão improvável, inconcebível, no todo, impossível
qual sonho sequer imaginado
a mente supunha, apenas conjecturava
que tudo eram possibilidades, ilusões de ficção que se previam, anteviam, então
e os olhos postos nesse futuro sem nome ou filiação
agora que se findam os 12 que foram este 10 de 2000
não sei o que fica
se uma sensação amarga de frustração
de impotência face ao tão pouco que ficou de tanto prometido
de quantas possibilidades se anteviam e desejavam e afinal...
como se nada diferente, como se quase tudo como dantes
como se este futuro não fosse mais que o presente de então em reposição
como quase tudo aquilo que não sofre mutação
não avança, não grita em plena multidão
não evolui, qual revolução
como se o mundo de hoje fosse o arrastar pesaroso de quantos nele vivem
numa comoção global que acinzenta os dias
e deles não deixa memória, nada deixa
senão esta amarga sensação de frustração
de que nada na realidade avança
se move ou grita por entre a multidão