do bem e do mal, 20Dez
O dia estava magnífico. Nunca me hei-de esquecer do calor que fazia, coisa rara de acontecer por aquelas paragens naquela época do ano. O silêncio havia tomado conta da tarde, apenas quebrado, de quando em quando, pelo diálogo que os inúmeros pássaros mantinham entre si. Lembro-me de adormecer e de ter sido despertado por um súbito arrepio, que cheguei a associar ao fim da tarde e consequente arrefecimento que o acompanhava. Mas este arrepio tinha algo de diferente.
Um trágico e inesperado acidente, uma profunda machadada no coração daquela família, uma perda irreparável.
O que os seus olhos viram naquele fatídico dia, os do avô e os do neto, e as consequências que desde então sobre eles pesaram.