folha em branco
por migalhas, em 02.11.10
a folha em branco
vasto e inexplorável território
imaculado, sem pecado
apenas ali, indefeso, impotente face à angustiante espera
num corredor da vida que se prepara para ganhar
no derrame de tinta negra de quem não lhe quer mal
mas que sem piedade o vai violar
chegada essa hora em que não é tido, achado, sequer avisado
para apenas ser preenchido por um mundo em latente efervescência
que a escrita não é nenhuma ciência
antes tanto que há para contar
na forma de um manto de vastidão por conquistar
qual mar, qual terra, qual fogo ou ar
diamante em bruto apenas à espera de se materializar
nessa folha em branco
pela mão de quem diz o que diz
do modo como o escreve