incessante
por migalhas, em 14.10.10
o relógio não pára, sequer abranda
cego, obstinado no seu curso
lá fora as pessoas agitam-se numa correria desgovernada
corações que palpitam no frenesim da cidade impaciente
tudo vibra
uma criança que brinca, outra que chora
o carteiro que distribui boas e más notícias
o canteiro que viçosas vê crescer as suas habitantes
o burburinho, o formigueiro humano na labuta de cada dia
nada é o que parece da mesma forma que nada do que parece é
o relógio avança, sôfrego por chegar mais adiante
é o reboliço em cada nação, tudo em ebulição
senão um coração, que pára em Dublin
outro mais a norte, uns quantos mais a sul
porquê a Irlanda?
Porquê a Europa?
Porquê o Mundo?
O relógio incessante
no tempo que propaga
como uma praga