farrapos - tomo 1
farrapos
de nuvens, de gelo, de quantas almas em trânsito
que nada se debela assim tão simples como o vento que nos sopra o rosto
fosse um pacote de açúcar e o café ficasse como os retalhos de que sou feito
perfeito
quebrado
o espelho, o vidro, o coração que também sente estilhaçado
a dor a seu lado, sempre em doses mais generosas
que isto que encenamos e representamos não é um mar de rosas, sequer um imenso oceano
antes um pano
de farrapos, desfiados, sem ponta que os una
que não há ramo ou vontade mais solta que me auxilie a subida
erguida na força do impensável que eu possa
na insignificância do que sou, represento e por isso concebo
por mim, sem sangue de qualquer criança ou truque sujo
farrapos, apenas e só
ao pó abandonados na força do inimaginável que possam ser